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Crítica/"Rodin: do Ateliê ao Museu"
Mostra ressalta importância que escultor dava à fotografia
Entre destaques está painel com 71 fotos que reproduz montagem de 1900
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
O escultor francês Auguste Rodin (1840-1917) já foi tema de
duas exposições antológicas na
Pinacoteca do Estado. A primeira, em 1995, reuniu 200 mil
pessoas e representou a consagração do espaço como o museu mais dinâmico da cidade.
Já em 2001 foi a vez de "A Porta
do Inferno", que consumiu 20
anos de trabalho de Rodin, levar novas hordas de visitantes
ao local.
Assim, em menos de 15 anos,
"Rodin: do Ateliê ao Museu",
em cartaz no Masp (Museu de
Arte de São Paulo), traz novamente obras do escultor. Redundante? Não. A mostra apresenta um tema relevante não só
em seu processo como também
para a própria arte moderna: a
importância da fotografia.
A exposição, organizada em
parceria com o Museu Rodin,
em Paris, reúne 22 esculturas e
194 imagens que refletem a relação de fato intensa entre o artista e seus fotógrafos. Rodin
começou a registrar suas obras
e seu ateliê em 1880, quando esse procedimento tornava-se
mais maduro, após 40 anos de
experimentação.
Em seus arquivos, foram encontradas nada menos do que
25 mil fotografias, sendo que
7.000 delas foram encomendas
do próprio Rodin. Por tudo isso, pode-se perceber como
mesmo os fotógrafos se interessavam em registrar as esculturas de Rodin, um objeto mais
simples de trabalhar, quando
eram necessários alguns minutos para conseguir registrar
uma imagem com foco.
Desde 1896, o artista exibia
suas esculturas junto de fotografias, o que comprova a importância que Rodin dava a estas últimas. No Masp, um dos
exemplos mais significativos
disso é o painel com 71 fotos de
Eugène Druet expostas da mesma maneira como o artista e
seu fotógrafo o fizeram em
1900, em sua exposição na place d'Alma. Composto por imagens ora repetidas, ora realizadas por ângulos distintos, esse
painel é um testemunho de que
Rodin não via a fotografia somente como um registro mas
como algo mais complexo.
Nos tempos modernos, que
se firmavam na virada do século 19 para o 20, quando Rodin
realizou tal exposição, a aceleração dos processos de reprodução e circulação era fundamental, e a fotografia, um de
seus meios mais eficazes.
Rodin era tão consciente do
papel crescente desse processo
e do eventual prejuízo que ele
poderia causar, que tinha contratos de exclusividade com os
fotógrafos com quem trabalhava, controlando seu modo de
fazer. No contrato assinado
com Ernest Bulloz, um dos presentes na mostra, ele manteve
para si "a direção artística da
reprodução de suas obras no
que tange à iluminação e à forma de exposição".
O percurso da mostra, então,
apresenta os vários fotógrafos
de diversas nacionalidades que
trabalharam com Rodin num
sistema de real parceria, como
Eugène Druet, seu favorito, Bulloz, que o sucedeu, e os experimentais ingleses Stephen Haweis e Henry Coles, que gostavam de registrar as esculturas
no momento do pôr do sol.
RODIN: DO ATELIÊ AO MUSEU
Quando: de terça a domingo, das 11h
às 18h; quintas, das 11h às 20h; até o
dia 13/ 12
Onde: Masp (av. Paulista, 1.578, tel.
0/xx/11/3251-5644)
Quanto: R$ 15
Avaliação: ótimo
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