DE SÃO PAULO

O canadense Xavier Dolan tem 22 anos, um par de óculos de aros pretos e dois longas-metragens selecionados pelo Festival de Cannes.
O nome do jovem cineasta saiu dos domínios de Québec quando, em 2009, o longa-metragem "Eu Matei Minha Mãe" saiu da Quinzena dos Realizadores, em Cannes, com três prêmios.
Neste ano, ele voltou à avenida Croisette com "Amores Imaginários", que a Mostra traz a São Paulo. No novo filme, Dolan troca as sombras pelo colorido, o conflito psíquico pelo jogo sensual.
O personagem central dessa história de amor é Nicolas (Niels Schneider), um rapaz de 21 anos, lindo e cool, por quem dois amigos dândis, Francis (o próprio Dolan) e Marie (Monia Chokri), se apaixonam.
Filmado em Montréal, com US$ 600 mil (cerca de R$ 1 milhão) e falado em francês, "Amores Imaginários" tem um quê de filme da nouvelle vague e outro quê de filme moderninho.
O flerte com o Jean-Luc Godard dos anos 1960, que tinha irresponsabilidade e frescor, é escancarado.
A história, em si, não significa quase nada. Mas o estilo de Dolan -que atua, escreve os diálogos e até desenha os figurinos- sim.
As referências musicais, cinematográficas e literárias podem até soar como um tanto esnobes para alguns espectadores. Mas são, no fundo, muito divertidas, até porque estão inseridas no filme como elementos destinados a compor o mundo que o diretor pretende retratar.
Como escreveu a crítica Isabelle Regnier, no "Le Monde", não falta ambição ao jovem cineasta, mas isso não deve ser confundido com arrogância. (ANA PAULA SOUSA)