São Paulo, sábado, 01 de dezembro de 2001

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Fernando Henrique Cardoso

Elis Regina

"Hoje eu não quero escrever sobre política. Chega de pacotes, prorrogações, reeleições, sabujices de toda ordem. Há dias em que, por respeito a sentimentos genuínos, não dá para perder tempo com tanto lixo, tanta desonestidade e tanta ousadia de mequetrefes que viram manchete de jornal por melhor servir ao poder desservindo ao país.
Morreu Elis Regina.
Não cheguei a conhecê-la pessoalmente. Admirei-a de longe, como todo mundo. Recebi dela, certa vez, um bilhetinho que dizia: "Professor, será que vai receber meu voto sem nos conhecermos?" Foi no dia em que ela fez um show e doou a receita para ajudar a campanha eleitoral. Campanha quase sem recursos. Mas os que vieram, vieram assim, no embalo da generosidade.
Eu não pude sequer ir ao show. Estava imerso no cotidiano da campanha, sei lá por onde neste São Paulo imenso. Enviei a Elis um livrinho de entrevistas à imprensa. E fiquei amargando, agora para sempre, a falta do abraço de reconhecimento."

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