São Paulo, sábado, 01 de dezembro de 2001

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Sergio Buarque de Holanda

João Cabral de Melo Neto
(05/08/52)

"Desconheço pessoalmente o sr. João Cabral de Melo Neto, mas ficaria sinceramente admirado se o soubesse na vida profissional, de funcionário consular, bem diferente da imagem transmitida pelo poeta, um poeta que pôde enriquecer nossas letras de uma noção rigorosa, verdadeiramente exemplar de dignidade intelectual, senso de responsabilidade e devoção ao trabalho.
Confesso bastante envergonhado que meus primeiros contatos com sua obra e, depois, o crescente interesse que ela pôde inspirar-me, nem sempre me deixaram totalmente livre de hesitações ou suspeitas. Pareceu-me quase incrível, por vezes, que essa consciência constantemente alerta e ativa, esse zelo, ao mesmo tempo vigilante e criador -
(como uma ave
que vai cada segundo
conquistando seu vôo)¹
-, tão estranhos aos mais inveterados costumes da lírica luso-brasileira, chegassem a existir, entre nós, sem fundar-se por vezes em algum malicioso artifício."

1 "O Cão sem Pluma" (1950)



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