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THIAGO NEY
Eletrônica "versus" rock
Os dois gêneros são distintos, mas as comparações ainda são feitas utilizando-se parâmetros distorcidos
FOI-SE O Nokia Trends, foi-se
mais um evento a ignorar barreiras entre o rock e a eletrônica. Mas mesmo com essa "união"
entre gêneros, ainda se usam parâmetros de um para criticar o outro.
Já há algum tempo muita gente
diz que a dance music está estagnada e que não produz nada novo ou
original. Essa linha de pensamento
apareceu nesta semana, quando a
MTV colocou, em seu "tribunal", a
música eletrônica como ré.
Claro que há estagnação quando
se olha apenas para os grandes, como Fatboy Slim, Chemical Brothers,
Prodigy, Moby, que lançaram discos
recentes horríveis. Mas seria como
chamar o rock de conformista tendo
como base os últimos álbuns de U2,
Coldplay, Red Hot Chili Peppers,
Charlie Brown Jr... Há muita coisa
legal sendo feita para além dos nomes de sempre. Ou não?
A popularidade é outra comparação que vem à tona. Os bons nomes
do rock, como Franz Ferdinand,
Strokes e Arctic Monkeys, vendem
muito mais discos e levam muito
mais gente a seus shows do que os
bons nomes de eletrônica, como Richie Hawtin, Speedy J., Ricardo Villalobos, Booka Shade etc. Óbvio que
isso ocorre -esses últimos nem
querem vender tanto; fazem música
sem vocal, sem melodia pop, bem
mais difícil de ser assimilada.
Seria como comparar a música
punk do Fugazi e seu esquema totalmente independente de produção
com a estratégia marqueteira multinacional de um Guns N" Roses e seu
hard rock diluído.
Tiësto se apresentou nas últimas
Olimpíadas; o DJ Rica Amaral aparece no "Big Brother"; Skazi e Infected Mushroom levam 30 mil pessoas a festas sem cobertura da grande mídia... A impressão que dá é que
a música eletrônica nunca esteve tão
presente no nosso dia-a-dia.
Clube que vem sempre associado a
superlativos, a Pacha abrigará uma
pequena versão do Mutek, festival
canadense de música avançada.
O evento, que deve ser divulgado
oficialmente na próxima semana,
acontecerá em 14 dezembro, dentro
da noite Magma. A festa terá o chileno Matias Aguayo, o francês Cabanne, o espanhol Damian Schwartz e a
dupla Chic Miniature (Canadá/Argentina). Todos se apresentarão ao
vivo, e não como DJ set.
thiago@folhasp.com.br
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