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Crítica
"Paixão" mostra as limitações de Mel Gibson
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Mel Gibson merecia uma
condecoração dos críticos de
cinema. Afinal, eles não se cansaram de dizer que seu "A Paixão de Cristo" (Fox, 22h) era,
antes de tudo, um detestável
ato de racismo.
As platéias não se importavam muito com isso: choravam
a paixão do filho de Deus, chibatada, por chibatada.
Tempos depois, Mel Gibson
fez o favor de tomar um porre e
manifestar seu anti-semitismo
não mais com imagens, mas
com palavras. Aí não dava mais
para ignorar o sentido de seu
filme.
Não é nele em que penso hoje, mas em "Batismo de Sangue", de Helvécio Ratton, que
ainda não entrou em cartaz e,
sem incorrer em atitudes anti-semitas (ao contrário, é filme
muito simpático), comete, no
entanto, o equívoco de supor
que a tortura, de forma explícita, é sinônimo de força cinematográfica.
Não há em que seguir Mel
Gibson, que, além de racista, é
um cineasta muito limitado.
Sua "Paixão" tem sangue, mas
não tem força.
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