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Festival pacifista tem Seu Jorge e Michael Franti
Parque Burle Marx recebe o Power to the Peaceful
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
A julgar por sua proposta, a
primeira edição brasileira do
festival Power to the Peaceful,
que acontece hoje em São Paulo, é uma atualização do "flower
power" hippie.
O evento, sediado no parque
Burle Marx (Morumbi), terá
sessão coletiva de ioga, exposição de trabalhos de organizações não-governamentais, feira
de produtos orgânicos, atividades para crianças e debates.
Terá também uma série de
shows de artistas ligados a causas sociais -como o Afroreggae
e Seu Jorge- encabeçada pelo
norte-americano Michael
Franti, o organizador do Power
to the Peaceful (poder aos pacíficos), que pela primeira vez
acontece fora dos EUA.
A Folha falou com Franti
-que lidera a banda Spearhead, com um som de tonalidade reggaeira- por telefone, ontem, enquanto ele caminhava
pelo local do evento e se impressionava com o visual.
"O ambiente é incrível, o parque é cheio de árvores, vai ser
um festival fantástico. E vamos
também tocar na periferia, as
pessoas estão unidas pelo ideal
da paz", disse o músico, referindo-se ao show gratuito que
fará amanhã no Capão Redondo, região da zona sul que ficou
conhecida pela violência.
Franti -que, na noite anterior, havia estado em um centro de candomblé- não é iniciante em termos de Brasil.
Em agosto passado, ele visitou o país e passou um bom
tempo na favela de Vigário Geral (de onde veio o Afroreggae,
no Rio) e no Capão Redondo,
conhecendo projetos sociais.
Conexão Iraque - Capão
Ele tampouco é iniciante em
termos de contato com a violência: já se apresentou nas
ruas do Iraque, de Israel e da
Palestina, para vítimas dos ataques e guerras da região.
"Quando vou às favelas aqui,
encontro um tipo similar de
energia nas pessoas, a diferença
é que a violência não é política
como no Iraque, é social. Mas a
dor é a mesma."
Franti se disse impressionado com o trabalho de grupos sociais que conheceu no Brasil.
"O que vi nas favelas não foi
apenas dor e destruição, mas
beleza e inúmeras pessoas dedicadas a construir uma vida
melhor, especialmente para os
jovens e crianças."
O músico explica que a origem do "Power to the Peaceful", em 1999, estava ligada ao
movimento pela libertação de
Mumia Abu-Jamal, o ex-Pantera Negra que está no corredor
da morte há anos, pelo suposto
assassinato de um policial.
A partir do 11 de Setembro,
no entanto, a proposta "ganhou
uma nova dimensão, mudamos
o foco para um chamado à paz".
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