Leonardo Luz

A Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de São Paulo está distribuindo, desde a semana passada, a versão reeditada do livro "Tenho um Irmão Deficiente, Vamos Conversar Sobre Isto?". A obra fala sobre o papel do irmão "normal" nos cuidados com o deficiente intelectual -grupo que inclui não apenas portadores de síndrome de Down, mas todos os que têm problemas que limitam sua competência na comunicação, no cuidado pessoal e no relacionamento social. A assistente social Marilena Ardore, uma das autoras da obra e coordenadora do Programa de Defesa de Garantia de Direitos da Pessoa com Deficiência da Apae, falou à coluna.

 

FOLHA - Por que irmãos também precisam de cuidados?
MARILENA - Existem famílias que despejam no filho "normal" a obrigação de cuidar do irmão que tem deficiência. Tem pais que engravidam novamente pensando na necessidade de ter outro filho para cuidar desse irmão no futuro. A criança já é concebida para assumir uma carga de responsabilidade que não é dela. Trabalhamos com grupos na Apae para descobrir como caminhar junto com esse irmão sem ter a obrigação de ser pai e mãe dele precocemente.

FOLHA - Como o irmão "normal" deve se comportar?
MARILENA - Tem que ser parceiro, colaborador, amigo, estimular e ajudar o deficiente a se desenvolver. Mas não tem que ser pai e mãe.

FOLHA - E quais as conseqüências dessa sobrecarga na criança?
MARILENA - Elas se sentem deixadas de lado porque os pais se dedicam muito ao filho deficiente. Eles acabam achando que o filho dito "normal" não tem problemas, que ele pode ir bem na escola e que, se não for bem, é por vagabundagem. O "normal" é considerado um felizardo por não ter tido problemas. Daí a criança fica com ciúmes, tem raiva, sente necessidade de ter o mesmo afeto.

FOLHA - Qual é a recomendação para facilitar a vida do deficiente adulto?
MARILENA - Ele precisa ser criado com muita autonomia. Porque uma coisa é a mãe fazer. Outra coisa é um irmão. Ou, no caso de ser filho único, um primo ou a cunhada. Quanto mais ele tiver autonomia, melhor os outros familiares saberão lidar com a situação, porque ninguém quer um peso na vida.

BAIXINHOS
O MEC prepara para o próximo ano o que o ministro Fernando Haddad, titular da pasta, está chamando de "último pacote" de sua gestão: um projeto para tornar obrigatório o ensino dos quatro aos 17 anos de idade no Brasil -e não apenas dos seis aos 14, como hoje prevê a lei. Problema: os estados e municípios não conseguem sequer acolher, em sua totalidade, as crianças de seis anos que passaram a ter recentemente a obrigação de ir para a escola.

MAIS E MELHOR
Para embasar o projeto, que deve ser enviado ao Congresso no começo do próximo ano, o MEC tem uma pesquisa que mostra que crianças que fazem a pré-escola (dos quatro aos seis anos) têm 32% mais chances de concluir o ensino médio.

REFORÇO
A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) vai abrir concurso para contratar 400 inspetores de aviação civil.

SINTA-SE EM CASA
Luiz Marinho (PT-SP), prefeito eleito de São Bernardo do Campo e xodó de Lula, vai dar uma força para o filme que Fábio Barreto faz sobre a história do presidente. Ele vai ceder os estúdios da Vera Cruz, que ficam na cidade (e onde foi filmado, por exemplo, "Carandiru"), para a produção de "Lula, o Filho do Brasil". Marinho também acionou a associação comercial para que empresários apoiem o filme com alimentação e hospedagem. Paula Barreto, produtora do longa, estuda até mudar o QG do filme de São Paulo para a cidade vizinha.

OUTDOOR
E a Ancine (Agência Nacional do Cinema) vai dar R$ 150 mil para que Bruno Barreto comece a campanha de "Última Parada 174" no exterior. O filme concorre ao Oscar.

PONTO FINAL
Quartim de Moraes está deixando a Ediouro, da qual era editor-associado.

A LISTA
Os procons de todo o país enviaram ao Ministério da Justiça um levantamento sobre empresas que estão em condições de seguir as novas regras dos call centers, que entram em vigor hoje. Por elas, o consumidor pode esperar até no máximo um minuto para ser atendido -sob pena de multa, para a empresa, de até R$ 3 milhões. De acordo com o estudo, se declararam preparadas Claro, GVT, TIM, Banco do Brasil, Votorantim, Safra, GE Capital, Besc, ABN, Unicard, Ibi, Hipercard, Fininvest e Citicard.

MALA E CUIA
O carioca Marcelo Camelo, ex-vocalista do Los Hermanos, está procurando uma casa para morar em São Paulo.

BOI NA LINHA
Uma missão do governo chileno chega hoje ao Brasil para inspecionar 15 frigoríficos dos Estados de SP, Mato Grosso, Goiás, Minas e Espírito Santo. Se aprovados, esses estabelecimentos poderão exportar carne bovina "in natura" para o país. Atualmente, só o Rio Grande do Sul vende o produto para o Chile. De janeiro a setembro deste ano, pouco mais de 2.500 toneladas foram exportadas.

VIA AÉREA
O ex-ministro Adib Jatene, da Saúde, ligou para o ministro José Gomes Temporão se colocando à disposição para mobilizar a rede de hospitais de excelência -seis instituições particulares que mantêm convênio com o SUS - para ajudar Santa Catarina. As instituições enviam hoje água, paracetamol, soro e outros 93 produtos.

FÉRIAS
O jazzista americano Stanley Jordan fez um tour pela Bahia antes de subir ao palco do Bourbon Street, nesta quarta. Na semana passada, ajudou a equipe do Projeto Tamar a devolver tartarugas ao mar, na Praia do Forte, e se esbaldou com acarajés em Salvador.

DJ QUER PLAYSTATION
O DJ francês Bob Sinclar, autor do hit "Love Generation", que tocou na boate Pacha na última sexta, exigiu ter à disposição uma limunise equipada com PlayStation 2 e duas poltronas massageadoras. Para o camarim, pediu um secador de cabelo de alta potência.

PERMUTA
A ex-prostituta Vanessa de Oliveira, da mesma escola literária de Bruna Surfistinha, vai anunciar em seu site uma promoção para propagandear seu novo livro, "Seduzir Clientes", da editora Matrix. O leitor que fizer a maior "loucura" para divulgar a obra vai ganhar uma noite com a moça em Balneário Camboriú (SC)-seja o vencedor homem ou mulher.