São Paulo, terça-feira, 01 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Do cinema à TV, Julio Andrade se multiplica

Ator, que será Raul Seixas na Globo, está em novo longa de Suzana Amaral

Gaúcho também organiza, em clube noturno de São Paulo, no dia 15, edição de "show de talentos" que surgiu em Porto Alegre

FERNANDA EZABELLA
DA REPORTAGEM LOCAL

Introvertido no cinema, extrovertido na TV. Em casa, uma mistura dos dois guia o ator Júlio Andrade, protegido por miniaturas de um Buda e de um são Francisco de Assis, alocados entre plantas e bebedouros de passarinho, num apartamento no centro de São Paulo.
O gaúcho de 33 anos vem traçando caminhos distintos como ator e, assim, expandindo seu poder de alcance. Afinal, alguém se lembra de que o topetudo caricato Patrício da novela "Ciranda de Pedra" é o mesmo sujeito misterioso do filme "Hotel Atlântico"?
"Vida de ator não é fácil. Por mim, só faria cinema, saca?", diz Júlio, sentado no sofá da sala de casa, debaixo de um bambu com orquídeas. "Mas às vezes não dá, tem que sobreviver. E é divertido fazer TV."
Para os frequentadores de cinema, Júlio ficou conhecido como "o barbudinho cabeludo introspectivo". O mesmo personagem melancólico de "Cão sem Dono" (2006), seu primeiro longa como protagonista, poderia muito bem ser o mesmo de "Hotel Atlântico" (2009), de Suzana Amaral, sobre um artista que sai viajando sem rumo.
"A Suzana me chamou porque ela viu "Cão sem Dono" e disse: "Você tem um tempo legal, esquisito, é isso que eu quero'", diz o ator, que partiu numa viagem de uma semana para o litoral, com pouco dinheiro no bolso e sem mala ou celular, para entrar no clima de "Hotel Atlântico", ainda em cartaz.

Raulzito e cabaré em SP
Já na TV, ele ainda é pouco conhecido, mas isso pode mudar em breve se resolver aceitar os novos convites de trabalho. E, na quinta, ele aparece como Raul Seixas no especial da Globo "Por Toda a Minha Vida".
"Dá um medo de os fãs do Raul não aceitarem, é delicado fazer alguém desse porte. Tentei não cair num estereótipo", diz Júlio, que já fez outros programas na Globo, como "Carga Pesada", além do personagem cômico da novela das seis, de cabelo curto e sem barba.
No final do programa, Júlio usa uma máscara de látex para mostrar o "inchaço da cachaça" do músico baiano no fim da vida. "Foi legal, mas foi pesado também. Na última cena, me deram um casaco do Raul, senti todo aquele peso... Foi punk."
Júlio só dubla Raul no especial da Globo, recheado de material de arquivo, ainda que ele tenha começado a carreira artística como músico autodidata, nos bares de Porto Alegre, tocando música brasileira.
Ele ainda toca, entre amigos, na sala do próprio apartamento, equipado de piano, guitarra, violão e uma bateria pela metade, ao lado da namorada, também atriz de "Cão sem Dono", Tainá Müller, com quem mora.
Além das pontas nos filmes inéditos "A Hora e a Vez de Augusto Matraga", como um jagunço, e "Luz nas Trevas", como um caubói, Júlio organiza uma festa no Studio SP, no próximo dia 15. O evento é inspirado na Bagasexta, uma balada com intervenções artísticas que existia em Porto Alegre, criada pelo grupo de teatro do qual ele fazia parte, em 2002.
No Studio SP, vai ter gente declamando poema com gás hélio na boca e enfiando um prego no nariz. "Vai ser um show de talentos, uma coisa meio cabaré. Todo mundo pode se inscrever", afirma o ator, que criou até campanha na internet: tinyurl.com/y9zk2ph.


Texto Anterior: Passe único para museus é discutido
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.