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Do cinema à TV, Julio Andrade se multiplica
Ator, que será Raul Seixas na Globo, está em novo longa de Suzana Amaral
Gaúcho também organiza, em clube noturno de São Paulo, no dia 15, edição de "show de talentos" que surgiu em Porto Alegre
FERNANDA EZABELLA
DA REPORTAGEM LOCAL
Introvertido no cinema, extrovertido na TV. Em casa, uma
mistura dos dois guia o ator Júlio Andrade, protegido por miniaturas de um Buda e de um
são Francisco de Assis, alocados entre plantas e bebedouros
de passarinho, num apartamento no centro de São Paulo.
O gaúcho de 33 anos vem traçando caminhos distintos como ator e, assim, expandindo
seu poder de alcance. Afinal, alguém se lembra de que o topetudo caricato Patrício da novela
"Ciranda de Pedra" é o mesmo
sujeito misterioso do filme
"Hotel Atlântico"?
"Vida de ator não é fácil. Por
mim, só faria cinema, saca?",
diz Júlio, sentado no sofá da sala de casa, debaixo de um bambu com orquídeas. "Mas às vezes não dá, tem que sobreviver.
E é divertido fazer TV."
Para os frequentadores de cinema, Júlio ficou conhecido
como "o barbudinho cabeludo
introspectivo". O mesmo personagem melancólico de "Cão
sem Dono" (2006), seu primeiro longa como protagonista,
poderia muito bem ser o mesmo de "Hotel Atlântico"
(2009), de Suzana Amaral, sobre um artista que sai viajando
sem rumo.
"A Suzana me chamou porque ela viu "Cão sem Dono" e
disse: "Você tem um tempo legal, esquisito, é isso que eu quero'", diz o ator, que partiu numa
viagem de uma semana para o
litoral, com pouco dinheiro no
bolso e sem mala ou celular, para entrar no clima de "Hotel
Atlântico", ainda em cartaz.
Raulzito e cabaré em SP
Já na TV, ele ainda é pouco
conhecido, mas isso pode mudar em breve se resolver aceitar
os novos convites de trabalho.
E, na quinta, ele aparece como
Raul Seixas no especial da Globo "Por Toda a Minha Vida".
"Dá um medo de os fãs do
Raul não aceitarem, é delicado
fazer alguém desse porte. Tentei não cair num estereótipo",
diz Júlio, que já fez outros programas na Globo, como "Carga
Pesada", além do personagem
cômico da novela das seis, de
cabelo curto e sem barba.
No final do programa, Júlio
usa uma máscara de látex para
mostrar o "inchaço da cachaça"
do músico baiano no fim da vida. "Foi legal, mas foi pesado
também. Na última cena, me
deram um casaco do Raul, senti
todo aquele peso... Foi punk."
Júlio só dubla Raul no especial da Globo, recheado de material de arquivo, ainda que ele
tenha começado a carreira artística como músico autodidata, nos bares de Porto Alegre,
tocando música brasileira.
Ele ainda toca, entre amigos,
na sala do próprio apartamento, equipado de piano, guitarra,
violão e uma bateria pela metade, ao lado da namorada, também atriz de "Cão sem Dono",
Tainá Müller, com quem mora.
Além das pontas nos filmes
inéditos "A Hora e a Vez de Augusto Matraga", como um jagunço, e "Luz nas Trevas", como um caubói, Júlio organiza
uma festa no Studio SP, no próximo dia 15. O evento é inspirado na Bagasexta, uma balada
com intervenções artísticas
que existia em Porto Alegre,
criada pelo grupo de teatro do
qual ele fazia parte, em 2002.
No Studio SP, vai ter gente
declamando poema com gás
hélio na boca e enfiando um
prego no nariz. "Vai ser um
show de talentos, uma coisa
meio cabaré. Todo mundo pode
se inscrever", afirma o ator, que
criou até campanha na internet: tinyurl.com/y9zk2ph.
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