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Alienação é vista na relação com alimentos
DE PARIS
"After Sun" foi considerada pela crítica a peça mais leve de Rodrigo Garcia. Seu
teatro costuma incomodar
alguns espectadores, que
saem às pressas da sala. Nesse espetáculo, a sequência
mais intolerável para os
franceses foi aquela em que
os atores apontaram os vários motivos que fazem da
vida na França algo "muito
muito muito triste". A cena
longa cutucava várias feridas, como o racismo e o
avanço da extrema-direita.
Em outra peça do diretor,
uma família come lasanha e
se lança num vômito prolongado. Mas o pior ainda
está por vir: diante da criança, todos nus, a mãe coloca
folhas de alface na vagina enquanto o pai acerta as salsichas no ânus.
A comida é um dos elementos de cena favoritos de
Garcia. Para ele, é na relação
das pessoas com o alimento
hoje industrializado que se
pode ver com mais clareza a
alienação contemporânea.
"Meus personagens têm
uma relação cada vez mais
complicada, mais suja e
mais violenta com os produtos de consumo", diz.
Filho de imigrantes espanhóis na Argentina, Garcia
mudou-se para Madri em
1986. Em 1989, montou sua
primeira peça, "Acera Derecha". Sua condição underground está superada: propostas de teatros de toda a
Europa não param de chegar. Foi a agenda que impediu Garcia de aceitar o convite para apresentar o seu
teatro aos brasileiros.
(ALN)
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