São Paulo, quinta-feira, 02 de janeiro de 2003

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Alienação é vista na relação com alimentos

DE PARIS

"After Sun" foi considerada pela crítica a peça mais leve de Rodrigo Garcia. Seu teatro costuma incomodar alguns espectadores, que saem às pressas da sala. Nesse espetáculo, a sequência mais intolerável para os franceses foi aquela em que os atores apontaram os vários motivos que fazem da vida na França algo "muito muito muito triste". A cena longa cutucava várias feridas, como o racismo e o avanço da extrema-direita.
Em outra peça do diretor, uma família come lasanha e se lança num vômito prolongado. Mas o pior ainda está por vir: diante da criança, todos nus, a mãe coloca folhas de alface na vagina enquanto o pai acerta as salsichas no ânus.
A comida é um dos elementos de cena favoritos de Garcia. Para ele, é na relação das pessoas com o alimento hoje industrializado que se pode ver com mais clareza a alienação contemporânea. "Meus personagens têm uma relação cada vez mais complicada, mais suja e mais violenta com os produtos de consumo", diz.
Filho de imigrantes espanhóis na Argentina, Garcia mudou-se para Madri em 1986. Em 1989, montou sua primeira peça, "Acera Derecha". Sua condição underground está superada: propostas de teatros de toda a Europa não param de chegar. Foi a agenda que impediu Garcia de aceitar o convite para apresentar o seu teatro aos brasileiros. (ALN)


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