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Livro traz perfil do múltiplo Hermínio
Lançado pela ed. Casa da Palavra, "Timoneiro" condensa a trajetória do escritor, poeta e compositor desde os anos 40
Escrita pelo jornalista Alexandre Pavan, obra aborda relações do letrista
com Tom Jobim, Chico Buarque e Drummond
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
O perfil biográfico recém-lançado do ativista cultural
Hermínio Bello de Carvalho
tem o mérito de condensar
num único volume informações sobre as diversas atividades em que ele, a partir dos
anos 40, ainda menino, se envolveu na música, na literatura,
no teatro e nos espetáculos.
Editado pela Casa da Palavra,
"Timoneiro" foi escrito pelo
jornalista Alexandre Pavan, em
um trabalho de pesquisa documental e de entrevistas iniciado em 2003, ainda sem saber, à
época, se viraria livro ou algum
outro produto em homenagem
ao compositor, escritor, poeta,
cantor, diretor de shows, idealizador de projetos e revelador
de artistas, entre outras tarefas
a que Hermínio ainda se dedica, aos 71 anos.
O próprio Hermínio -que já
afirmou detestar rótulos, mas
traz consigo o de impaciente
com quem não conhece direito- aceitou abrir seus lendários arquivos ao pesquisador.
E aí surgiu dos guardados de
décadas, em forma de fotos,
textos e fitas, gente que já morreu, mas está presente na memória da cultura nacional: Jacob do Bandolim, Cartola,
Aracy de Almeida, Pixinguinha,
Villa-Lobos, Elizeth Cardoso,
Carlos Cachaça, Clementina de
Jesus, Carlos Drummond de
Andrade, Ismael Silva, Sidney
Muller, Tom Jobim.
Surgiu também gente que
ainda está aí, como Dorival
Caymmi, Paulinho da Viola,
Turíbio Santos, Elton Medeiros, Joyce, Chico Buarque, Oscar Niemeyer, Alaíde Costa, Aldir Blanc e Chico Buarque.
Com 264 páginas, "Timoneiro" não se aprofunda, mas relata em ordem cronológica as atividades desenvolvidas por Hermínio desde que ele, aos nove
anos, elegeu-se presidente do
centro cívico do colégio em que
estudava no subúrbio de Deodoro, na zona oeste. Ali o garoto
encenou peças e saraus de declamação de poesia.
Foi o princípio de tudo. Na
década de 50, passou a freqüentar auditórios de rádios, conhecendo artistas dos quais era fã.
Também começou a escrever
em publicações especializadas
em música e em rádio. Virou
poeta. Em 1961, lançou seu primeiro livro, "Chove Azul em
teus Cabelos", que reúne 19
poemas curtos.
Hermínio tornou-se letrista
no início da década de 60. Compunha com Antônio Carlos
Brandão Ribeiro, seu colega na
ABV (Associação Brasileira de
Violão). Com quatro canções da
dupla, chegou a ser gravado um
compacto em 1962. Foi sua estréia na música como autor.
A parceria abriu a porteira do
letrista. Desde então compôs
com Cartola, Carlos Cachaça,
Nelson Cavaquinho, Chico
Buarque, Paulinho da Viola,
João Bosco, Eduardo Gudin, Ismael Silva, Sueli Costa, Francis
Hime, Antônio Adolfo, Pixinguinha, Moacyr Luz e até Roberto Frejat.
O homem que por acaso descobriu Clementina de Jesus
cantando na Taberna da Glória
continua ativo. Recentemente
participou do projeto que homenageou o parceiro Maurício
Tapajós, no CD "Sobras Completas", dez anos após a sua
morte. Continua escrevendo,
compondo e planejando.
"Eu não vim ao mundo para
fazer gracinhas", afirma ele no
livro "Timoneiro".
TIMONEIRO
Autor: Alexandre Pavan
Editora: Casa da Palavra
Quanto: R$ 30 (264 págs.)
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