São Paulo, sábado, 2 de janeiro de 1999

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HISTÓRIA
Produtores culturais já se movimentam em torno das comemorações
Celebração dos 500 anos é "Eldorado" da cultura

CYNARA MENEZES
da Reportagem Local

Os intrépidos desbravadores da cultura encontraram o Eldorado. E esse país imaginário onde o ouro jorra aos borbotões não está em uma região, mas em uma data: os 500 anos do descobrimento do Brasil, comemorados em abril do próximo ano, prometem ser o investimento cultural do século.
A corrida ao ouro já começou. Mais de 150 projetos em torno do descobrimento foram aprovados até agora pela Comissão Nacional do 5º Centenário, com sede no Ministério das Relações Exteriores, em Brasília, e a previsão é que esse número quadruplique até 2000.
"A comemoração é o veio mais rico para investimento cultural no Brasil durante os próximos dois anos", aposta o secretário-executivo da comissão, Tarcísio Costa.
Os projetos são avaliados mensalmente pela comissão, que reúne representantes dos 17 ministérios, do Congresso Nacional e do Poder Judiciário. Qualquer brasileiro com uma idéia na cabeça e algum capital à mão está habilitado a apresentar um projeto.
Se for aprovado, não recebe dinheiro algum, mas tem sua idéia incorporada à programação oficial, o que dá direito à utilização do selo comemorativo, um chamariz para encontrar financiadores. "A logomarca é um passaporte para assegurar a aprovação do projeto e receber apoio", diz Costa.
Os projetos já aprovados incluem livros, exposições, seminários, concursos, filmes, vídeos, espetáculos e até passeios de escuna pela região de Porto Seguro e Santa Cruz de Cabrália, na Bahia.
"Quem vincular um projeto aos 500 anos vai estar fazendo um ótimo investimento", diz Fábio Fonseca, idealizador do projeto mais ambicioso já apresentado, o filme "Brasil 1500"/ "Gonçalo".
Com orçamento de US$ 35 milhões, direção de Michael Cimino (de "O Franco-Atirador" e "O Ano do Dragão"), e co-produção hollywoodiana, "Gonçalo" pode se tornar a maior produção cinematográfica realizada no país.
O outro produtor brasileiro do filme, Fábio Kahns, aponta uma vantagem a mais dos projetos ligados ao 5º Centenário sobre as produções culturais que não estejam vinculadas ao tema nos próximos dois anos. "Isso vai estar na mídia o tempo todo, e gratuitamente."
Muitos dos projetos já apresentados não estão necessariamente ligados ao descobrimento, mas à história do Brasil de maneira geral. A atriz Claudia Ohana, por exemplo, quer filmar a vida de Anita Garibaldi, heroína da Revolução Farroupilha, ocorrida três séculos após o Brasil ter sido descoberto. Ohana produz e protagoniza o filme, com direção de seu ex-marido, o cineasta Ruy Guerra, e ambientado em Laguna (SC).
A maleabilidade da comissão possibilitou que o também ator e produtor Guilherme Fontes conseguisse encaixar seu projeto sobre o jornalista Assis Chateaubriand nas comemorações dos 500 anos, em um pacote que inclui vídeos, fascículos e CD-ROMs de personagens da história brasileira.
O projeto "500 Anos de História do Brasil" será aberto com "Chatô - O Contemporâneo do Futuro", sobre Chateuabriand, e "Getúlio Vargas - Cinco Dias que Abalaram a História", totalizando 26 programas para exibição na TV e venda ao público em bancas.
Também estão previstos eventos em outros países. Uma comissão binacional Brasil-Portugal está organizando os eventos comuns aos dois países, que devem ser definidos no primeiro semestre.
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O colunista Alberto Dines está em férias



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