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COMIDA
Quatro especialistas em gastronomia elegem os melhores pratos de restaurantes de São Paulo
Em busca do prato perfeito
CRISTIANE LEONEL
DA REPORTAGEM LOCAL
Escolher um bom lugar para
jantar em São Paulo pode ser um
desafio e tanto. São aproximadamente 35 mil restaurantes em
funcionamento na cidade, segundo a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes). Ou
seja, um prato cheio para cair em
arapucas gastronômicas. Mesmo
se considerarmos os 15% dos estabelecimentos paulistanos denominados pela instituição como
Classe A e AA (com infra-estrutura do que se considera alta gastronomia), a probabilidade de acertar o alvo é pequena.
Para facilitar um pouco a "árdua" tarefa, a Folha consultou
quatro experts em gastronomia,
de perfis diferentes, para que revelassem seus pratos preferidos
da cidade. Cada um poderia
apontar apenas duas sugestões,
obrigatoriamente de restaurantes
distintos.
Na ala dos jovens chefs, Rodrigo
Martins, 29, do restaurante Pomodori, demonstrou dificuldade
em definir apenas dois lugares,
uma vez que, para ele, "cada ocasião e hora do dia pede um lugar
adequado para comer". Mesmo
assim, Martins revelou suas duas
opções prediletas. O primeiro
prato foi o moules frites do L'Ami
Bistrô, no Itaim. "Os mexilhões
são de boa qualidade. Além de tudo, o restaurante tem bons vinhos
para acompanhar." A segunda
iguaria de sua predileção integra o
menu de um bar, o Original, em
Moema. Para Martins, o "frango
na televisão", servido aos domingos no bar, é muito tenro. "A carne é bem grudada no osso", justifica o chef. A ave, caipira, fica
imersa em uma solução com sal e
pimenta-do-reino durante 48 horas. Para assar, é colocada naquelas típicas máquinas envidraçadas
comuns em padarias da cidade,
apelidadas de "televisão de cachorro".
Representando os restaurateurs
(proprietários de restaurantes) de
São Paulo, a sócia do Ritz e do
Spot, Maria Helena Guimarães,
59, enumerou suas predileções
sem titubear: os culigionis (espécie de ravióli, porém com massa
mais fina) recheados com ricota e
raspas de limão siciliano do Fasano, e a pizza de mozarela da tradicional Castelões.
A fina massa e o perfume do limão siciliano são os pontos altos
do prato do Fasano na opinião de
Maria Helena. "Mas é indicado
para ocasiões festivas porque é
um restaurante bem caro." No caso da pizza, ela ressalta a boa qualidade da mozarela e o frescor do
molho de tomate, além do atendimento. "Os garçons parecem
sempre entusiasmados em trabalhar, e o ambiente é muito bastante agradável", justifica Maria Helena.
Charlô Whately, 50, banqueteiro e restaurateur, escolheu os camarões grelhados com risoto de
cevada do Lola Bistrô, na Vila Madalena, como o campeão de equilíbrio de sabores. "O risoto de cevada tem um sabor único e dá
uma certa leveza ao camarão",
justifica Charlô. E, em segundo
lugar, indicou o quibe labanie do
restaurante Arábia, que é cozido
em molho de coalhada -este
consta do menu apenas em algumas épocas do ano, especialmente no inverno.
Por fim, Mara Salles, 50, a chef
do restaurante Tordesilhas, de comida brasileira, indicou um prato
japonês como o seu preferido: o
negui-toro, do [ ] Sushi Lika. São bolinhos de arroz envolvidos em finas camadas de salmão cru, como
um sushi, cobertos por atum picado, wasabi e gergelim. Salles
elogia: "Toda a comida do Lika é
muito fresca, caprichada. E não
tem aquele ambiente cheio de afetação".
Salles também indicou as tortillas do restaurante Obá, cujo menu é estruturado sob quatro culinárias -tailandesa, mexicana,
italiana e brasileira. "A base da
tortilla é feita de milho branco e
há várias possibilidades de recheios", explica Salles. A proposta
cultural do estabelecimento também conta muito para a chef: "O
interessante é que lá eles ensinam
como se deve comer cada prato.
Para mim, a gastronomia não está
ligada só ao sabor e ao valor nutricional mas também ao modo de
saborear, com o jeito que cada povo tem de se relacionar com a comida."
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