São Paulo, quarta-feira, 02 de fevereiro de 2011

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música

CRÍTICA MPB

Melodia e Macalé voltam mansos na voz de Zezé Motta

"Negra Melodia", oitavo álbum da cantora e atriz, dedica-se ao repertório dos dois compositores cariocas

Fotos Divulgação
Zezé Motta em foto que divulga novo CD, feita em 1984

MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO

É tolice, a essas alturas, achar que Jards Macalé e Luiz Melodia ainda cabem na mofada prateleira dos "malditos". Mas é fato que o melhor da obra de ambos continua quase um segredo absoluto.
É justamente sobre esse material -que está por aí há 30, 40 anos, mas houve pouca gente a fim de enxergá-lo- que se ergue agora "Negra Melodia", oitavo álbum da discografia de Zezé Motta.
Cantora que ficou mais conhecida como atriz, Zezé não fez o disco para "resgatar" um ou outro. A identificação dela com o repertório dos dois autores é muito mais profunda. Histórica, até.
Zezé foi grande porta-voz de Melodia e Macalé na virada dos 1970 para os 1980, quando Gal Costa e Maria Bethânia, amplificadoras originais das canções dos dois, já estavam entrando em outra.
Melodia era seu predileto.
Só no álbum "Zezé Motta" (1978), regravou "Magrelinha", "O Morro Não Engana" e, em dueto com o autor, lançou "Dores de Amores".
Nenhuma dessas canções volta em "Negra Melodia", o que é grande acerto. Com uma base de guitarra, baixo, bateria, piano, percussão e alguns detalhes de sopros, ela recorre ao que nunca fez.
Grandes canções escondidas, como "Começar pelo Recomeço" (parceira de Melodia com Torquato Neto), "Divina Criatura" (Melodia vertido em samba reggae), "Pano pra Manga" (Macalé e Xico Chaves), "The Archaic Lonely Star Blues" (de Macalé, grafada de maneira equivocada no encarte do CD).
Se, no passado, Zezé abusava da irresponsabilidade de não ser exatamente uma "cantora de carreira" para criar uma persona tão abusada quanto Xica da Silva, seu alter ego cinematográfico, agora ela se recolhe.
Muito mais sóbria e "correta", a nova persona é a cantora Elizeth Cardoso (1920-1990) -a quem Zezé dedicou todo um álbum, "Divina Saudade" (2000). Vestida de Elizeth na maior parte das faixas, Zezé rende bem menos. Brilha bem menos. Pena.
Exceção é a arrebatadora gravação de "Soluços", de Macalé. Ali, Xica volta com sua força sobrenatural, a lembrar do que Zezé é capaz.

NEGRA MELODIA
ARTISTA Zezé Motta
LANÇAMENTO Joia Moderna
QUANTO R$ 20, em média
AVALIAÇÃO bom



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