São Paulo, quarta-feira, 02 de fevereiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros CRÍTICA MPB Só ao piano, Cida Moreira reencarna a dona de bordel em "A Dama Indigna" DE SÃO PAULO "Summertime" (1981), o álbum de estreia de Cida Moreira, foi gravado ao vivo, ela se acompanhando ao piano, no emblemático teatro Lira Paulistana, o centro experimental da vanguarda musical desta cidade nos 1980. É esse mesmo conceito -e força interpretativa de igual intensidade- que a cantora reedita agora em "A Dama Indigna", seu novo trabalho. Ela reencarna sua personagem preferida, a cafetina, a dona do bordel, com charuto em punho, que, para manter a audiência atenta, só precisa do piano e do vozeirão curtido no álcool e no tempo. Atriz que ficou mais conhecida como cantora, Cida se trancou em estúdio e, em duas sessões, gravou sozinha todas as 12 faixas. Seu canto rasga "Back to Black", sucesso de Amy Winehouse, enquanto o piano é tocado a golpes. Pegada visceral assim nem todos os porres da autora da canção deram conta de produzir. Outra que aparece metamorfoseada é "Soul Love", de David Bowie. Cheia de referências gospel, a gravação aproxima Bowie do John Lennon da fase "Imagine". Caetano Veloso vem em duas. A freudiana "Mãe" (lançada por Gal Costa em 1978) e a doce "O Ciúme". Alguns compositores do primeiro LP de Cida retornam. Jards Macalé (com "Hotel das Estrelas"), George Gershwin ("The Man I Love"), Chico Buarque ("Uma Canção Desnaturada"). A regravação de Chico é emblemática. Ele, que já duvidou da sobrevivência da canção como gênero, é desmentido pelos próprios versos, que, na boca de Cida, parecem afirmar: enquanto houver um piano e uma dama indigna que o toque, a canção não corre perigo. (MARCUS PRETO) A DAMA INDIGNA ARTISTA Cida Moreira LANÇAMENTO Joia Moderna QUANTO R$ 20, em média AVALIAÇÃO ótimo Texto Anterior: Show: Ingresso para Elvis Costello no Brasil custará até R$ 400 Próximo Texto: FOLHA.com Índice | Comunicar Erros

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