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RELÂMPAGOS
Toalha
branca
JOÃO GILBERTO NOLL
Fazia um esforço diário
para nada. Se ao menos soubesse o nome desse esforço,
sua direção, destino. E cansava, isso sim acontecia com
todas as letras. Havia uma
toalha branca à sua espera.
Ao fim do dia ele chegava,
nem lembrava de onde. Aí
secava o suor. Qual um trapezista de novo no chão. A
comparação lhe vinha como
um rumor envenenado. Coisas do ofício. "Que ofício?",
perguntou-se agitado. E a
parda solução da dúvida como que se moveu, ali... Mas
logo encolheu-se avara. Então cheirou a toalha. Dela
veio o antigo odor hipnótico, soporífero... e, dessa vez,
letal.
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