São Paulo, quinta-feira, 02 de março de 2000


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"Think mink" é a palavra de ordem

da enviada a Paris

É de fato um momento para as peles na moda, o maior retorno de todos, em meio ao revival de décadas (anos 20, 40, 50, 60 e 80).
Depois da década de 80, quando as peles ainda eram sinônimo de glamour, um movimento de conscientização em relação aos animais sacrificados para virar casacos de madame, liderado pela organização internacional Peta, nos 90, fez das peles vergonha.
"Eu prefiro ficar nua do que usar peles" ("I'd rather run naked than wear fur") era o slogan que foi celebrizado por um grupo de "supermodels", incluindo Stephanie Seymour, Tatjana Patitz e Naomi Campbell. As tops foram fotografadas nuas, com o cartaz da campanha à frente. Na passarela, aceitavam desfilar apenas peles sintéticas. A estratégia funcionou e, por alguns anos, ninguém queria vestir pele; quem usava seus antigos casacos no frio era efetivamente malvisto. Ocasionalmente, os manifestantes jogavam tinta sobre os casacos.
O tempo passou e a própria Naomi foi recentemente flagrada desfilando, belíssima, um casaco de peles, sem culpa. Quem quebrou o pacto foi a "Vogue America" e sua editora, Anna Wintour.
As organizações de proteção aos animais continuam em atividade, mas encontram pouco "recall". Em Nova York, em fevereiro, manifestantes conseguiram se infiltrar no desfile de Oscar de la Renta e avançaram na modelo, com cartazes e gritaria. A mídia acompanhou, mas o povo da moda nem se abalou. Em Milão, caminhões com o desenho de uma mão suja de sangue chamava a atenção das pessoas à causa, sem muita adesão, entretanto.
Agora, então, já "pode" usar pele de novo, e os argumentos vão sempre em direção às criações específicas de animais para o abate.
Consciência fez desta a temporada das peles, com marcas como Fendi, Gucci e Prada, nesta ordem, o triunvirato do mink. "Think mink", escreveu a sábia editora Suzy Menkes, no "Herald Tribune", parafraseando a lendária Diana Vreeland e seu trocadilho "think pink" (pense pink).
Afinal, as peles (minks, coelhos, raposas, chinchilas) concentram todos os valores desejados nesta temporada: glamour, feminilidade, dinheiro, poder e individualidade.
Em Paris, a saga continua, com os novos fazedores de pele incluindo desde Yohji Yamamoto até John Galliano para Dior, de Valentino a Jean Colonna. (EP)


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