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"Think mink" é a palavra de ordem
da enviada a Paris
É de fato um momento para as
peles na moda, o maior retorno
de todos, em meio ao revival de
décadas (anos 20, 40, 50, 60 e 80).
Depois da década de 80, quando
as peles ainda eram sinônimo de
glamour, um movimento de
conscientização em relação aos
animais sacrificados para virar
casacos de madame, liderado pela
organização internacional Peta,
nos 90, fez das peles vergonha.
"Eu prefiro ficar nua do que
usar peles" ("I'd rather run naked
than wear fur") era o slogan que
foi celebrizado por um grupo de
"supermodels", incluindo Stephanie Seymour, Tatjana Patitz e
Naomi Campbell. As tops foram
fotografadas nuas, com o cartaz
da campanha à frente. Na passarela, aceitavam desfilar apenas
peles sintéticas. A estratégia funcionou e, por alguns anos, ninguém queria vestir pele; quem
usava seus antigos casacos no frio
era efetivamente malvisto. Ocasionalmente, os manifestantes jogavam tinta sobre os casacos.
O tempo passou e a própria
Naomi foi recentemente flagrada
desfilando, belíssima, um casaco
de peles, sem culpa. Quem quebrou o pacto foi a "Vogue America" e sua editora, Anna Wintour.
As organizações de proteção
aos animais continuam em atividade, mas encontram pouco "recall". Em Nova York, em fevereiro, manifestantes conseguiram se
infiltrar no desfile de Oscar de la
Renta e avançaram na modelo,
com cartazes e gritaria. A mídia
acompanhou, mas o povo da moda nem se abalou. Em Milão, caminhões com o desenho de uma
mão suja de sangue chamava a
atenção das pessoas à causa, sem
muita adesão, entretanto.
Agora, então, já "pode" usar pele de novo, e os argumentos vão
sempre em direção às criações específicas de animais para o abate.
Consciência fez desta a temporada das peles, com marcas como
Fendi, Gucci e Prada, nesta ordem, o triunvirato do mink.
"Think mink", escreveu a sábia
editora Suzy Menkes, no "Herald
Tribune", parafraseando a lendária Diana Vreeland e seu trocadilho "think pink" (pense pink).
Afinal, as peles (minks, coelhos,
raposas, chinchilas) concentram
todos os valores desejados nesta
temporada: glamour, feminilidade, dinheiro, poder e individualidade.
Em Paris, a saga continua, com
os novos fazedores de pele incluindo desde Yohji Yamamoto
até John Galliano para Dior, de
Valentino a Jean Colonna.
(EP)
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