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ARTES PLÁSTICAS
Centro Universitário, dirigido pelo crítico de arte e professor da ECA-USP Lorenzo Mammì, passa por revitalização
Maria Antônia ganha nova identidade
free-lance para a Folha
Trincheira do movimento estudantil nos anos 60, o edifício da
USP na rua Maria Antônia (região
central de São Paulo) está de cara
nova. Descaracterizado desde que
foi devolvido à universidade, em
91, o Centro Universitário Maria
Antônia (Ceuma) passa por uma
revitalização que culmina na reinauguração do espaço este mês.
O projeto que reinaugura o
Ceuma sinaliza seu funcionamento futuro: em parceria com o
Instituto Goethe e a Escola de Crítica de Arte e Literatura, o evento
"Passagens" (leia texto abaixo)
vai articular os espaços do prédio,
promovendo exposição de arte e
palestras no local.
O nome por trás das mudanças,
Lorenzo Mammì, que assumiu a
diretoria em setembro de 99, afirma que é por meio de parcerias e
dando unidade às atividades que
se desenvolvem no Ceuma que o
espaço vai recuperar a vitalidade.
Desde 91, vários órgãos ligados
à USP instalaram-se lá. Hoje, são
oito entidades: Comissão de Direitos Humanos da USP, Edusp,
Experimentoteca, Escola do Futuro, Escola de Governo, SBPC,
Tusp e Coralusp. "O prédio é uma
grande colagem, onde aconteciam atividades culturais, mas
sem unidade", afirma Mammì.
Não é intenção do diretor cercear essa polifonia, mas racionalizar o espaço -que tem salas de
exposição no segundo andar e
área administrativa no térreo, por
exemplo- e delinear uma identidade para o local. "É interessante
que tenha esse trânsito entre áreas
do conhecimento", diz.
Ironia da história
O prédio da rua Maria Antônia
abrigou, desde 1949, a Faculdade
de Filosofia, Ciências e Letras da
USP. Nos anos 60, tornou-se símbolo de luta e resistência ao regime militar, pois ali, além de se
realizarem discussões sobre reforma do ensino e política estudantil, era travada uma verdadeira guerra.
Devido à proximidade ao Mackenzie, reduto da direita organizada e forte base de atuação do
CCC (Comando de Caça aos Comunistas), a movimentação nacional de estudantes polarizou-se
entre uspianos e mackenzistas.
De bate-boca, passaram a atirar
pedras e garrafas uns nos outros,
o que gerou uma guerra aberta.
Em 2 e 3 de outubro de 68, durante uma ocupação de estudantes, o
edifício da USP foi depredado e
incendiado pela polícia.
"Essa nova Maria Antônia, por
ironia da história, vai ser maciçamente frequentada pelos nossos
inimigos do passado, os estudantes do Mackenzie", diz o filósofo
José Arthur Giannotti, que foi aluno da antiga faculdade de Filosofia da Maria Antônia.
Vinculado a uma programação
cultural e acadêmica, como defesas de teses de artistas plásticos, o
novo perfil do espaço agrada ao
mundo das artes. Na opinião do
curador do MAM, Tadeu Chiarelli, "estava faltando para a USP
uma retomada do papel que deve
exercer na área de artes visuais".
O crítico Rodrigo Naves considera o espaço muito importante
na tradição universitária. "Ele tinha uma destinação ambígua e
acredito que o Lorenzo vai ser
mais rigoroso com exposições,
palestras e outras atividades."
O prédio ao lado
Mas a maior ambição da nova
Maria Antônia está, na verdade,
no prédio ao lado do 294, que
também pertence à USP, mas está
atualmente interditado pelo Contru devido às condições precárias.
Mammì estuda a possibilidade
de parcerias, até mesmo uma divisão do espaço com o patrocinador da reforma, desde que haja
afinidade temática.
(JULIANA MONACHESI)
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