|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OSCAR 2004
Cerimônia comprova prognósticos em grande parte das categorias e mostra bom humor com tiradas de Billy Crystal
Tudo como era esperado e, ainda assim, engraçado
DO ENVIADO A LOS ANGELES
Previsível e bem-humorado.
Daqui a cem anos, quando um
historiador de cultura pop for estudar o Oscar 2004, estes serão os
dois adjetivos que pespegarão à
cerimônia de anteontem à noite.
Previsível: deu "O Senhor dos
Anéis - O Retorno do Rei" de ponta a ponta -uma motoniveladora, como diria depois à Folha o
brasileiro Fernando Meirelles.
Com 11 estatuetas em 11 indicações, a trilogia comandada pelo
rechonchudo neozelandês Peter
Jackson encostou nos dois recordistas anteriores, "Titanic" (1997)
e "Ben-Hur" (1959), indo um passo além: é o único dos três que levou tudo o que disputava.
Assim, a interminável cinessérie
entra para a história com 17 Oscar
em 30 indicações, US$ 2,8 bilhões
de bilheteria, mais de 20 personagens principais e 632 minutos de
duração total, ou dez horas e meia
de nomes e mais nomes e mais
nomes... Mas só na cerimônia de
anteontem que o filme emplacou
em categorias importantes (no
caso, filme, direção e roteiro
adaptado). Como se a Academia
estivesse esperando a conclusão
para avaliá-lo direito.
Previsível: não deu o Brasil em
nenhuma das quatro categorias
em que concorria -direção,
montagem, roteiro adaptado e fotografia. Nas três primeiras, Meirelles, Daniel Rezende e Bráulio
Mantovani, respectivamente, perderam para a motoniveladora; na
última, o épico-dramin "Mestre
dos Mares - O Lado Mais Distante
do Mundo" foi o culpado -surpresa: o quinto brasileiro da noite,
Carlos Saldanha, viu seu curta de
animação "Gone Nutty" perder a
corrida não para o favorito da
Disney, mas para o azarão "Harvie Krumpet". Não foi desta vez.
Previsível: Sean Penn e Tim
Robbins ("Sobre Meninos e Lobos"), Charlize Theron ("Monster") e Renée Zellweger ("Cold
Mountain") ganharam respectivamente as categorias de ator,
coadjuvante, atriz e coadjuvante.
Idem para o canadense "As Invasões Bárbaras", de Denys Arcand, em filme estrangeiro, o segundo longa de Sofia Coppola ("Encontros e Desencontros") em
roteiro original e "Procurando
Nemo" como longa de animação.
Bem-humorado: Billy Cristal
deu um banho de timing e graça
em suas tiradas. Em seu oitavo
Oscar, foi implacável com todos.
Por fim, o de 2004 foi ainda o
Oscar que estreou a censura prévia, com um atraso de cinco segundos na transmissão ao vivo
para evitar surpresas, e o que deu
menos tempo entre as indicações
(27 de janeiro) e a premiação (anteontem), para coibir a falta de
ética na relação entre as campanhas dos grandes estúdios e os votantes.
(SÉRGIO DÁVILA)
Texto Anterior: "Agora, chega de "Cidade de Deus'" Próximo Texto: Mônica Bergamo Índice
|