São Paulo, quinta-feira, 02 de março de 2006

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CINEMA

Especial analisa carreira de Sean Penn

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Parecia ser apenas mais um daqueles filmes de adolescentes abobalhados em busca de diversão/ sexo que surgiam às pencas nos EUA dos anos 80. Mas "Picardias Estudantis" (1982) chamava a atenção, principalmente, pelo estúpido surfista Jeff Spicoli, que era interpretado de uma forma tão real e natural por Sean Penn que muitos espectadores acharam que ele interpretava a si mesmo.
"Ele merecia ser indicado ao Oscar pelo papel. E não estou brincando", diz o amigo de infância de Penn e ator Charlie Sheen no programa "Biography" que o canal pago A&E exibe hoje.
Este foi o segundo longa-metragem de Penn e o primeiro em que atraiu a atenção do público, mas já dava mostras de sua busca pelo não-convencional. Se encarnou um estereótipo em "Picardias", durante os anos seguintes ele carregaria outros rótulos -o mais marcante deles, o "bad boy" que brigava com fotógrafos e batia em sua então mulher, a cantora Madonna, quase relegaria seu trabalho a segundo plano, nos anos 80.
Se ele fornecia, involuntariamente, farto material para os tablóides, em seus filmes ele tentaria, nesta fase inicial, aproximar-se da sua grande influência, o cinema dos anos 70, de filmes com personagens marginais que retratavam a decadência do sonho americano, como "Taxi Driver".
Assim, pulou fora do bonde em que andavam companheiros de geração, como Tom Cruise, que buscavam o destino "fácil". Com filmes de bilheteria mais modesta, volta e meia, até hoje, quase se perde em maneirismos -em papéis à Robert De Niro, como personagens excêntricos ou deficientes mentais-, ao mesmo tempo em que conduz uma boa carreira de diretor. Penn desempenha, no entanto, um papel na vida real típico da "esquerda" cultural. É o artista marginal domado, considerado o melhor ator de sua geração, politizado e crítico de George W. Bush. Sorte sua e do público que o pedantismo não o interessa.


Biography: Sean Penn
Quando: hoje, às 22h, no A&E


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