RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL

Tirando os LPs, dos quais precisou se desapegar ao sair da casa dos pais, a tradutora Luiza Sellera guarda consigo sete CDs, três DVDs, dois livros e dois quadros de Bob Dylan -e ainda a entrada do show de 1998 no Ibirapuera.
Seu "santuário", no centro de São Paulo, ficará sem o registro da atual passagem do cantor pelo país. Em vez disso, a moça de 28 anos guardará o ingresso da apresentação no Vélez Sarsfield, em Buenos Aires, no dia 15.
"Decidi boicotar o show de São Paulo", conta. Antes do anúncio dos preços no Via Funchal (de R$ 250 a R$ 900), seu plano era assistir às duas noites na área VIP. "Achei que gastaria R$ 200 por noite, no máximo R$ 400, e estava conformada. Ninguém estava preparado pra essa facada!", diz. E insiste, para não deixar dúvida: "Fiquei muito nervosa, muito possessa, indignada!".
O país dos "hermanos" salvou a pátria: lá, os ingressos VIP saem por 380 pesos, algo próximo a R$ 200 -menos que os ingressos mais baratos em SP. "Se pegasse a passagem mais em conta e ficasse na casa de uma amiga, não gastaria mais de R$ 1.000", calcula. Feliz com a própria solução, presenteou-se com cinco dias em Buenos Aires.
Em vez dos R$ 1.800 que gastaria nas duas noites no Via Funchal, espera desembolsar no total R$ 1.500.
Menos afortunado, Fernando Dotta, 21, pensou numa alternativa que lhe custará o mesmo que o ingresso mais barato de São Paulo, mas com direito a praia no dia seguinte ao show.
O publicitário resolveu comprar a meia-entrada da cadeira inferior no Rio Arena, no Rio, a R$ 140. "Terei uma visão melhor do palco do que teria em São Paulo", calcula. Por suas projeções, o fim de semana sairá por módicos R$ 250, já que a gasolina será rachada entre amigos e a hospedagem será cortesia de uma colega carioca.


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