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Coleção traz Drummond dos temas sociais
"O Sentimento do Mundo", do escritor mineiro, é o quarto volume da série
Livro de 1940 que chega às bancas no próximo domingo revela acirramento de questões políticas do poeta
DA REPORTAGEM LOCAL
Surgido na arena literária em
1930 com o lançamento da coletânea "Alguma Poesia", Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987) rapidamente firmou-se como um dos principais poetas brasileiros.
Na verdade, em seu território
específico -no qual se evidenciam a ironia e o distanciamento, a dialética entre o pessoal e o
social, uma antilírica assentada
no raciocínio lógico-, Drummond reina de modo absoluto
em nossas letras.
"Sentimento do Mundo"
(1940) -quarto volume da "Coleção Folha Grandes Escritores
Brasileiros", que chega às bancas no próximo domingo- representa um acirramento das
preocupações sociais do poeta,
cujo auge se dá em "A Rosa do
Povo" (1945), até hoje seu livro
mais político.
O tema social não surge isolado, mas se vincula a um "eu"
que se vê acaçapado por um
mundo que não compreende e
mal consegue suportar. Devemos lembrar que, no Brasil, vivia-se sob a ditadura do Estado
Novo e, no cenário mundial,
eclodia então a Segunda Guerra
Mundial.
Assim, o sentimento que o
poeta tem do mundo é de algo
descomedido e doloroso. "Esse
amanhecer/ mais noite que a
noite", começa. Adiante, confessa-se pequeno: "Não, meu
coração não é maior do que o
mundo. É muito menor".
Embora observe que o mundo "não pesa mais que a mão de
uma criança", não acredita que
um ser humano apenas, em seu
arrepio existencial, possa fazer
a diferença: "porque não podes,
sozinho, dinamitar a ilha de
Manhattan".
Se em "O Sentimento do
Mundo" a ação ainda não parece possível, existe a esperança
na atividade poética, aquela
que aproxima o poeta de sua
gente e de seu tempo: "Não serei o poeta de um mundo caduco./ Também não cantarei o
mundo futuro. [...] O tempo é a
minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,/ a
vida presente".
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