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"Cantando na Chuva" é o próximo DVD nas bancas
Neste domingo, Coleção Folha Clássicos do Cinema traz o musical de 1952
Filme estrelado por Gene Kelly só se transformou em fenômeno nos anos 80; livro que acompanha DVD conta os detalhes da produção
DA REPORTAGEM LOCAL
O reconhecimento de "Cantando na Chuva" é um fenômeno recente. Foi a partir do início dos anos 80 que o musical
de Stanley Donen e Gene Kelly
-terceiro volume da Coleção
Folha Clássicos do Cinema,
disponível a partir do próximo
domingo, dia 5 de abril- passou a ser valorizado como uma
obra-prima.
Dois fatores podem ter contribuído para seu relativo ostracismo nos anos 60 e 70: a
pouca exposição (o filme só voltou a ser devidamente apreciado depois que foi restaurado e
entrou na programação da TV a
cabo, nos anos 80) e a "teoria
dos autores", que pouco valorizou o musical em comparação a
outros gêneros (como o faroeste, o suspense e o filme noir).
"Cantando na Chuva" é um
dos melhores exemplos das
oportunidades criativas geradas pela conjugação de forças
do "studio system" hollywoodiano. Os detalhes de sua produção estão descritos no volume que acompanha o DVD da
Coleção Folha -com destaque
para a atuação do letrista e produtor Arthur Freed, tema de
uma minibiografia e de um texto assinado pelo crítico da Folha Inácio Araujo.
Coautor de canções de musicais da Broadway nos anos 20 e
30, Freed foi produtor associado de "O Mágico de Oz" (1939),
recebendo os créditos pela descoberta de Judy Garland. Com
o grande sucesso do filme, foi
definitivamente contratado pela MGM para comandar a unidade de produção de musicais
do estúdio.
Freed revolucionou o gênero
ao defender que as canções deveriam estar integradas ao roteiro e que os números musicais não deveriam interromper
a narrativa, como se fazia em
Hollywood nos anos 30. Enquanto desenvolvia o projeto
de "Sinfonia em Paris", musical
concebido a partir de composições de George Gershwin, pensou que poderia fazer o mesmo
a partir das dezenas de canções
que criou em parceria com Nacio Brown, entre 1929 e 1936.
O casal Adolph Green e Betty
Comden foi contratado para
escrever o roteiro, situando a
história em 1928, quando
Hollywood viveu o choque da
chegada do som. Material não
faltaria: a própria MGM estava
repleta de técnicos e atores que
guardavam histórias saborosas
daquele ano conturbado. Consta que os incidentes contados
na tela aconteceram de verdade
(como a dificuldade em camuflar os microfones no cenário e
a falta de sincronia, que só aparecia nas sessões-teste).
O sucesso de "Um Dia em
Nova York" fez com que Arthur
Freed contratasse a dupla Gene
Kelly e Stanley Donen -Kelly,
obviamente, como protagonista, dividindo direção e coreografias com Donen. O bailarino
cômico Donald O'Connor e a
estreante Debbie Reynolds
juntaram-se ao time.
Kelly e Donen transformaram a maneira de se filmar números musicais. Acreditando
que a força cinética da dança se
perdia nos filmes, Kelly se esforçou para desenvolver técnicas capazes de envolver a câmera no movimento e libertar o
dançarino. Inovações que se fazem ver, com plenitude, em
"Cantando na Chuva".
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