São Paulo, quinta-feira, 02 de abril de 2009

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"Cantando na Chuva" é o próximo DVD nas bancas

Neste domingo, Coleção Folha Clássicos do Cinema traz o musical de 1952

Filme estrelado por Gene Kelly só se transformou em fenômeno nos anos 80; livro que acompanha DVD conta os detalhes da produção

DA REPORTAGEM LOCAL

O reconhecimento de "Cantando na Chuva" é um fenômeno recente. Foi a partir do início dos anos 80 que o musical de Stanley Donen e Gene Kelly -terceiro volume da Coleção Folha Clássicos do Cinema, disponível a partir do próximo domingo, dia 5 de abril- passou a ser valorizado como uma obra-prima.
Dois fatores podem ter contribuído para seu relativo ostracismo nos anos 60 e 70: a pouca exposição (o filme só voltou a ser devidamente apreciado depois que foi restaurado e entrou na programação da TV a cabo, nos anos 80) e a "teoria dos autores", que pouco valorizou o musical em comparação a outros gêneros (como o faroeste, o suspense e o filme noir).
"Cantando na Chuva" é um dos melhores exemplos das oportunidades criativas geradas pela conjugação de forças do "studio system" hollywoodiano. Os detalhes de sua produção estão descritos no volume que acompanha o DVD da Coleção Folha -com destaque para a atuação do letrista e produtor Arthur Freed, tema de uma minibiografia e de um texto assinado pelo crítico da Folha Inácio Araujo.
Coautor de canções de musicais da Broadway nos anos 20 e 30, Freed foi produtor associado de "O Mágico de Oz" (1939), recebendo os créditos pela descoberta de Judy Garland. Com o grande sucesso do filme, foi definitivamente contratado pela MGM para comandar a unidade de produção de musicais do estúdio.
Freed revolucionou o gênero ao defender que as canções deveriam estar integradas ao roteiro e que os números musicais não deveriam interromper a narrativa, como se fazia em Hollywood nos anos 30. Enquanto desenvolvia o projeto de "Sinfonia em Paris", musical concebido a partir de composições de George Gershwin, pensou que poderia fazer o mesmo a partir das dezenas de canções que criou em parceria com Nacio Brown, entre 1929 e 1936.
O casal Adolph Green e Betty Comden foi contratado para escrever o roteiro, situando a história em 1928, quando Hollywood viveu o choque da chegada do som. Material não faltaria: a própria MGM estava repleta de técnicos e atores que guardavam histórias saborosas daquele ano conturbado. Consta que os incidentes contados na tela aconteceram de verdade (como a dificuldade em camuflar os microfones no cenário e a falta de sincronia, que só aparecia nas sessões-teste).
O sucesso de "Um Dia em Nova York" fez com que Arthur Freed contratasse a dupla Gene Kelly e Stanley Donen -Kelly, obviamente, como protagonista, dividindo direção e coreografias com Donen. O bailarino cômico Donald O'Connor e a estreante Debbie Reynolds juntaram-se ao time.
Kelly e Donen transformaram a maneira de se filmar números musicais. Acreditando que a força cinética da dança se perdia nos filmes, Kelly se esforçou para desenvolver técnicas capazes de envolver a câmera no movimento e libertar o dançarino. Inovações que se fazem ver, com plenitude, em "Cantando na Chuva".


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