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Crítica
Longa retrata angústia de família judia argentina
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Existe, sim, um "grande tema" por trás de "O Abraço
Partido" (TC Cult, 20h10; 12
anos): a separação de uma família de judeus argentinos. Por
que teria o pai de Ariel, o herói
do filme, deixado a família e ido
para Israel, onde lutou numa
das guerras? Eis o que atormenta o rapaz.
Mas não é só isso, nem de
longe. Porque ele próprio, tudo
o que quer, é conseguir seu passaporte polonês e, com ele, a
possibilidade de se mandar para a Europa.
Existem, então, alguns temas
conexos: o conflito no Oriente
Médio, o sentimento de não
pertencimento, a crise econômica argentina, a ditadura militar (sim, ela está lá).
Mas nada disso se aguentaria
se Daniel Burman, que é um belo diretor, não soubesse filmar
adequadamente a triste galeria
em que sua mãe tem uma loja.
Se sua angústia não se mostrasse tão intensamente naquela
câmera na mão que conduz
nosso olhar.
Sim, porque convém não esquecer que o cinema é uma arte, e que, na arte, as ideias não
existem sem as formas.
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