São Paulo, sexta-feira, 02 de abril de 2010

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Crítica

Longa retrata angústia de família judia argentina

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Existe, sim, um "grande tema" por trás de "O Abraço Partido" (TC Cult, 20h10; 12 anos): a separação de uma família de judeus argentinos. Por que teria o pai de Ariel, o herói do filme, deixado a família e ido para Israel, onde lutou numa das guerras? Eis o que atormenta o rapaz.
Mas não é só isso, nem de longe. Porque ele próprio, tudo o que quer, é conseguir seu passaporte polonês e, com ele, a possibilidade de se mandar para a Europa.
Existem, então, alguns temas conexos: o conflito no Oriente Médio, o sentimento de não pertencimento, a crise econômica argentina, a ditadura militar (sim, ela está lá).
Mas nada disso se aguentaria se Daniel Burman, que é um belo diretor, não soubesse filmar adequadamente a triste galeria em que sua mãe tem uma loja. Se sua angústia não se mostrasse tão intensamente naquela câmera na mão que conduz nosso olhar.
Sim, porque convém não esquecer que o cinema é uma arte, e que, na arte, as ideias não existem sem as formas.


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