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Prima-dona
Em meio à preparação de uma ópera, o cantor Rufus Wainwright vem pela 1ª vez ao Brasil para 4 apresentações em família
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
O americano Rufus Wainwright é músico "de família".
Ele é filho do compositor,
ator e cantor (e já chamado de
"novo Dylan") Loudon Wainwright 3º com a cantora Kate
McGarrigle, e tem como irmã a
também cantora Martha Wainwright, cujo "I Know You're
Married But I've Got Feelings
Too", seu segundo disco, será
lançado na Europa em junho.
Rufus se apresenta pela primeira vez no Brasil neste mês:
no dia 7, no Rio; dia 9, em São
Paulo; dia 11, em Belo Horizonte; e dia 13, em Brasília. E boa
parte da família estará com ele
nos palcos daqui.
"Minha irmã e minha mãe
viajam comigo ao Brasil. Haverá algumas surpresas familiares", ele adianta à Folha.
Dividir o palco com outros
Wainwrights não é novidade
para o cantor de 34 anos, dono
de cinco álbuns (fora um disco
em que homenageia Judy Garland) e que atualmente escreve
uma ópera, batizada "Prima
Donna" -mais sobre isso daqui
a pouco, porque agora Rufus
quer falar sobre família:
"Cresci com meus familiares
no palco. Já participei de algumas turnês da minha mãe
quando era adolescente", conta. "Hoje isso é raro, às vezes no
Natal, ou quando elas querem
fazer algo especial. Mas minha
mãe e minha irmã só querem
fazer algo especial no Brasil.
Para Ohio [Estado norte-americano], por exemplo, ninguém
quer viajar", brinca.
No Brasil, Rufus não virá
acompanhado por banda -estará sozinho no palco, revezando-se entre piano e guitarra,
instrumentos com os quais
mantém uma relação... íntima.
"Adoro tocar esses dois instrumentos. O piano é a minha
mulher, a guitarra é a minha...
amante. As pessoas me identificam mais com o piano."
Narcisista e precoce
Rufus Wainwright é descrito
como uma diva -e ele adora.
Quando criança, costumava
se fantasiar de Dolly Parton no
Dia das Bruxas. É -assumidamente- narcisista, ambicioso e
vaidoso. E precoce.
Apoiado pela mãe, com quem
viveu quando criança após o divórcio dos pais, Rufus começou
a tocar piano aos seis anos. Aos
13, estreou nos palcos, em excursão com a mãe. Aos 14, escreveu a música "I'm A-Runnin'", para o filme "Tommy Tricker and the Stamp Traveller" -a faixa foi indicada para
um prêmio no Genie Awards
(espécie de Oscar canadense).
Mas, também aos 14, sofreu
uma das mais terríveis experiências de sua vida. Estava
num pub em Londres, onde conheceu um homem. Foram ao
Hyde Park, e Rufus foi estuprado. "Ele me segurou, apertou
minha garganta e quase me estrangulou... E disse para eu não
gritar, senão me mataria."
Após os 20 anos, consumiu
de crack a heroína, passando
por álcool. O amigo Elton John
o indicou a uma clínica de reabilitação. "Release the Stars"
(2007) é o primeiro disco em
que está totalmente "limpo".
Clima dramático
Rufus é artista na melhor tradição barroca. Seus discos possuem arranjos orquestrados,
complexos; um clima dramático, intenso e, propositalmente,
grandiloqüente. Amores não-correspondidos, desolações, religião são alguns temas de suas
letras, descritos com ironia e
erudição raras na música pop.
Fã de Mozart, Verdi e Wagner, a ópera sempre esteve presente em sua música. Hoje, Rufus prepara seu mais ambicioso projeto: a composição da ópera
"Prima Donna", que será encenada no Metropolitan, em NY.
"É sobre um dia e uma noite
na vida de uma cantora de ópera. Quero que seja uma ópera
em sua melhor tradição", diz,
citando como referências Maria Callas e Norma Desmond.
Se a ópera é o projeto mais
ambicioso, o mais extravagante
foi reencenar um famoso concerto de 1961 de Judy Garland
no Carnegie Hall, em Nova
York -que foi lançado em disco
em dezembro de 2007.
No Brasil, ele adianta que algo de Judy Garland deve estar
nos shows. "Vou cantar canções de todos os meus discos. É
um material bem variado."
RUFUS WAINWRIGHT
Quando: no próximo dia 9, às 21h30
Onde: no Via Funchal (r. Funchal,
65, São Paulo; tel. 0/xx/11/3897-4456)
Quanto: de R$ 50 (platéia lateral) a
R$ 180 (camarote e platéia VIP)
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