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CRÍTICA
Fúria faz falta ao disco
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando o jazzista Wayne
Shorter diz que quer mostrar em seu show de 70 anos o futuro do jazz não significa que ele
já não esteja engajado nesse projeto estético.
O que é interessante do novo futuro que o saxofonista aponta em
"Alegría" é que é um futuro do
passado, a projeção do novo que
já existia no pretérito. Seu álbum
não busca o devir em novos aparatos tecnológicos, em linguagens
com brusca ruptura com o que se
falava até aqui. Com repertório
com bons pés na tradição, seja no
anônimo "12th Century Carol",
seja na bela releitura de "Bachianas Brasileiras nš 5", de Villa-Lobos, Shorter projeta um caminho
doce, amparado pelos suaves arranjos orquestrais do disco.
É talvez, nessa alta taxa de glicose, que "Alegría" não convença
100%. Fica faltando algo que
Shorter até tinha em mãos.
Acompanhado de nomes como
Danilo Perez, Brad Mehldau ou
John Patitucci, o saxofonista poderia ter adicionado algo da fúria
que já foi sua, que é desses jovens
músicos e da vida de todos nós.
(CASSIANO ELEK MACHADO)
Alegría
Artista: Wayne Shorter
Gravadora: Verve/Universal
Quanto: R$ 30, em média
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