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TV
Série em canal pago simula evolução das espécies que podem habitar a Terra, sem humanos, daqui a 5 milhões de anos
Cientistas constroem animais do futuro
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Parece brincadeira de criança: o
que dá um cruzamento de rato
com rinoceronte? Um ratoceronte, oras. Embora não seja o resultado dessa impossível relação, um
ratoceronte poderá existir daqui a
5 milhões de anos. Será uma espécie de roedor com escamas que se
alimentará de tubérculos.
A brincadeira de criança foi bolada por cientistas e começa hoje,
às 23h, no canal de TV paga Discovery Channel. O "documentário" "Futuro Selvagem" é uma
fantástica simulação de como seria a vida na Terra sem os seres
humanos em 5, 100 e 200 milhões
de anos.
Sem os seres humanos e sua capacidade para afetar a vida do planeta, ela poderia evoluir de modo
mais natural, de acordo com as
clássicas regras anotadas pelo biólogo Charles Darwin (1809-1882).
Os animais mostrados podem
parecer absurdos -como uma
tartaruga de dezenas de toneladas
ou um polvo capaz de viver em
terra. Mas todos são baseados em
"fatos reais", pois a simulação
procura respeitar o que a ciência
conhece sobre o mundo natural.
Os ratocerontes terão como
companheiros os pícolos -aves
incapazes de vôo, descendentes
das codornas-, já que ambos os
animais serão habitantes dos desertos do futuro.
Nas grandes geleiras haverá um
predador temível, o dente-de-sabre-polar, que, apesar de parecer
uma mistura do extinto tigre-de-dente-de-sabre e de um urso polar, na verdade tem como ancestral o glutão (nome científico Gulo luscus), um feroz predador das
tundras (cujo nome em inglês,
"wolverine", virou personagem
de quadrinhos em "X-Men").
Primeiro, foi preciso saber como o mapa da Terra vai ser. Esta
foi a tarefa dos paleogeógrafos, estudiosos da geografia antiga do
planeta, que se basearam nos movimentos da crosta terrestre para
imaginar os mundos do futuro.
Depois vieram os simuladores
do clima e depois os biólogos, tentando entender que plantas e animais viveriam nos ambientes formados. "Foi preciso usar a imaginação. A interação entre plantas,
animais e o ambiente é muito
complexa. Há várias possibilidades. O perigo foi o de não ser imaginativo o suficiente", declarou
em entrevista um dos cientistas
consultados, R. McNeill Alexander, um pesquisador de fama
mundial especialista em biomecânica, da Universidade de Leeds,
na Inglaterra.
Muitos dos animais são gigantes, algo que já aconteceu no passado, na era dos dinos. A toraton
de 120 toneladas seria uma enorme descendente dos cágados do
mundo daqui a 100 milhões de
anos. E 200 milhões de anos depois haveria também uma lula-arco-íris de 40 metros de comprimento no mar, capaz de usar luzes (o fenômeno da bioluminescência) para se camuflar.
"Escolhemos animais que seriam interessantes para o espectador", diz o produtor da série, John
Adams. Como são mostrados animais que não existem, tudo é na
base da animação computadorizada, como se fez com os dinos de
filmes como "Jurassic Park". "A
idéia era explicar como a evolução trabalha, mas fazendo algo diferente dos documentários sobre
dinossauros, falar do futuro em
vez do passado", diz ele.
Ainda bem que, segundo a série,
não existirão seres humanos na
Terra. Seria preciso pensar bem
antes de ir à praia com os oceanos
dominados por ferozes tubalumnis, tubarões inteligentes capazes
de se comunicar entre si por sinais
luminosos.
FUTURO SELVAGEM - série com seis
episódios. Quando: todas as seg., a partir
de hoje, às 23h, no Discovery Channel.
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