São Paulo, sexta-feira, 02 de junho de 2006

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Clássico do vaudeville, "O Marido Vai à Caça!", de Georges Feydeau, reconduz o grupo Ornitorrinco à cena paulistana

Revisão de "Crime e Castigo" por Ruy Cortez também inicia temporada; Caio Fernando Abreu ganha roupagem musical

Estréias levam autores famosos aos palcos de SP

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ao menos no campo da dramaturgia, o cardápio de estréias teatrais da semana faz apostas seguras, com peças de autores de porte ou adaptações para suas obras: "O Marido Vai à Caça!", do francês Georges Feydeau, ganha encenação do grupo Ornitorrinco, com direção de Cacá Rosset; "Lázaro", de Ruy Cortez, adapta "Crime e Castigo", de Dostoiévski; e "B, Encontros com Caio Fernando Abreu" sela a parceria do diretor Francisco Medeiros com a dramaturga Lucienne Guedes, em referência ao universo do escritor gaúcho. São também três opções de gêneros bastante distintos: "O Marido Vai à Caça!" traz a leveza dos vaudevilles franceses, assinada por um de seus maiores expoentes: as peças de Georges Feydeau (1862-1921) se baseiam na trinca "traição, desencontros e mal-entendidos". Nesse texto, um homem mente para sua mulher, dizendo que vai caçar com um amigo. Ela descobre a farsa e decide dar o troco na mesma moeda, deixando-se enamorar por um galante rapaz. Os qüiproquós rendem a matéria-prima para o grupo Ornitorrinco, que completou 29 anos em maio e cujo repertório procura uma estilização própria para comédias com narrativas populares. A peça tem o mesmo espírito de "Scapino", encenada pelo grupo em 2001, também com direção de Rosset, último espetáculo da companhia a que São Paulo assistiu. Em "Lázaro", uma versão atualizada do personagem Raskolnikov, o mórbido protagonista de "Crime e Castigo", vai às profundezas de sua pretensão racionalista para justificar o assassinato de uma velha e de sua irmã. Ruy Cortez, à frente da Cia. de Estudo Teatral, recria o clima de desconforto psicológico e de uma febre que beira a loucura. É um diretor com boa mão para interpretações realistas, essenciais para a construção da tensão psicológica provocada pela história. Já "B, Encontros com Caio Fernando Abreu" tem intenções mais experimentais: Lucienne Guedes, que já trabalhou no Teatro da Vertigem como dramaturga e atriz, ao lado de Francisco Medeiros, concebe um musical para o universo sarcástico do autor gaúcho, em que o Núcleo Experimental do Sesi participa efetivamente da elaboração de histórias diversas, em processo colaborativo, ordenado segundo o espaço do mezanino.


O MARIDO VAI À CAÇA!
Onde: Tuca Espaço Cênico (r. Monte Alegre, 1.024, Perdizes, tel. 0/xx/11/3670-8455)
Quando: sex., às 21h30; sáb., às 21h; dom., às 19h
Quanto: R$ 30 (sex. e dom.) e R$ 40 (sáb.)

B, ENCONTROS COM CAIO FERNANDO ABREU
Onde: Centro Cultural Fiesp (av. Paulista, 1.313, Bela Vista, tel. 0/xx/11/3146-7405)
Quando: de qui. a sáb., às 20h30; dom., às 19h30
Quanto: entrada franca

LÁZARO
Onde: teatro Augusta (r. Augusta, 943, Consolação, região central, tel. 0/xx/11/3151-4141).
Quando: qua. e qui., às 21h
Quanto: R$ 20



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