São Paulo, segunda-feira, 02 de julho de 2001

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ARTES PLÁSTICAS
Instituto de Arquitetos do Brasil diz que Associação dos Amigos do museu da USP burla lei de licitações

Concorrência para novo MAC é contestada

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

A seção paulista do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) promete entrar, nesta semana, com uma consulta no Ministério Público para conferir a legalidade da concorrência que a Associação dos Amigos do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da Universidade de São Paulo está promovendo.
Na semana passada, a Folha publicou que quatro arquitetos - dois estrangeiros (o suíço Bernard Tschumi e o japonês Arata Isozaki) e dois brasileiros (Paulo Mendes da Rocha e Eduardo de Almeida)- foram convidados a realizar projetos para a nova sede do museu no bairro da Água Branca.
"Ficamos surpresos com o procedimento. O MAC é um museu público, organizar a construção da nova sede por meio da Associação dos Amigos é uma forma de burlar a lei das licitações", afirma Gilberto Belleza, presidente da seção paulista do IAB.
"Parece também estranho que o Ministério da Cultura esteja patrocinando com dinheiro público essa concorrência", diz Belleza. O presidente do IAB questiona ainda a presença de arquitetos estrangeiros sem que sejam qualificados para o exercício.
"Há uma norma do Ministério do Trabalho que obriga que arquitetos estrangeiros trabalhem com escritórios brasileiros, e não acredito que isso esteja sendo respeitado."
Segundo Teixeira Coelho, diretor do MAC, "o procedimento é legal. Quem organiza a concorrência é uma entidade civil, que pode convidar quem quiser".
Na última quarta-feira, professores e a direção da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP reuniram-se também em torno da concorrência para o novo MAC.
"Não temos nada contra os arquitetos escolhidos, mas não foi um procedimento transparente. É estranho que a FAU não seja consultada para a escolha de um projeto de um museu universitário com a relevância do MAC", afirma Lúcio Gomes Machado, professor da FAU.
Os participantes da reunião pretendem encaminhar nesta semana um documento à reitoria da USP para manifestar a discordância quanto à concorrência.
"A USP perdeu a oportunidade de realizar a primeira concorrência pública internacional no Brasil", diz o arquiteto e professor da FAU Miguel Pereira, que também participou da reunião. Pereira esteve presente na qualidade de vice-presidente da União Internacional dos Arquitetos (UIA), organismo filiado à Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
Foi a UIA quem organizou a concorrência para o Beaubourg, em Paris, que se tornou um dos ícones modernos da cidade e foi projetado pelos arquitetos Renzo Piano e Richard Rogers, no início dos anos 70.
"Nossa sugestão é que em concorrências fechadas sejam convidados no mínimo dez arquitetos. Se era para chamar apenas quatro, deveriam ter entregado ao Paulo Mendes da Rocha, que já fez um projeto para o museu", afirma Pereira.
"Gostaríamos de fazer uma concorrência mais ampla, mas não conseguimos patrocínio para tanto. Com a verba do Ministério da Cultura só tivemos condições de convidar quatro arquitetos", diz Elmira Nogueira Batista, presidente da Associação dos Amigos do MAC. Os concorrentes devem entregar os projetos até o próximo dia 5.


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