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ARTES PLÁSTICAS
Instituto de Arquitetos do Brasil diz que Associação dos Amigos do museu da USP burla lei de licitações
Concorrência para novo MAC é contestada
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
A seção paulista do Instituto de
Arquitetos do Brasil (IAB) promete entrar, nesta semana, com
uma consulta no Ministério Público para conferir a legalidade da
concorrência que a Associação
dos Amigos do Museu de Arte
Contemporânea (MAC) da Universidade de São Paulo está promovendo.
Na semana passada, a Folha publicou que quatro arquitetos -
dois estrangeiros (o suíço Bernard Tschumi e o japonês Arata
Isozaki) e dois brasileiros (Paulo
Mendes da Rocha e Eduardo de
Almeida)- foram convidados a
realizar projetos para a nova sede
do museu no bairro da Água
Branca.
"Ficamos surpresos com o procedimento. O MAC é um museu
público, organizar a construção
da nova sede por meio da Associação dos Amigos é uma forma
de burlar a lei das licitações", afirma Gilberto Belleza, presidente da
seção paulista do IAB.
"Parece também estranho que o
Ministério da Cultura esteja patrocinando com dinheiro público
essa concorrência", diz Belleza. O
presidente do IAB questiona ainda a presença de arquitetos estrangeiros sem que sejam qualificados para o exercício.
"Há uma norma do Ministério
do Trabalho que obriga que arquitetos estrangeiros trabalhem
com escritórios brasileiros, e não
acredito que isso esteja sendo respeitado."
Segundo Teixeira Coelho, diretor do MAC, "o procedimento é
legal. Quem organiza a concorrência é uma entidade civil, que
pode convidar quem quiser".
Na última quarta-feira, professores e a direção da Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo (FAU)
da USP reuniram-se também em
torno da concorrência para o novo MAC.
"Não temos nada contra os arquitetos escolhidos, mas não foi
um procedimento transparente. É
estranho que a FAU não seja consultada para a escolha de um projeto de um museu universitário
com a relevância do MAC", afirma Lúcio Gomes Machado, professor da FAU.
Os participantes da reunião pretendem encaminhar nesta semana um documento à reitoria da
USP para manifestar a discordância quanto à concorrência.
"A USP perdeu a oportunidade
de realizar a primeira concorrência pública internacional no Brasil", diz o arquiteto e professor da
FAU Miguel Pereira, que também
participou da reunião. Pereira esteve presente na qualidade de vice-presidente da União Internacional dos Arquitetos (UIA), organismo filiado à Unesco (Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura).
Foi a UIA quem organizou a
concorrência para o Beaubourg,
em Paris, que se tornou um dos
ícones modernos da cidade e foi
projetado pelos arquitetos Renzo
Piano e Richard Rogers, no início
dos anos 70.
"Nossa sugestão é que em concorrências fechadas sejam convidados no mínimo dez arquitetos.
Se era para chamar apenas quatro, deveriam ter entregado ao
Paulo Mendes da Rocha, que já
fez um projeto para o museu",
afirma Pereira.
"Gostaríamos de fazer uma
concorrência mais ampla, mas
não conseguimos patrocínio para tanto. Com a verba do Ministério da Cultura só tivemos condições de convidar quatro arquitetos", diz Elmira Nogueira Batista,
presidente da Associação dos
Amigos do MAC. Os concorrentes devem entregar os projetos
até o próximo dia 5.
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