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MÚSICA
Antes esnobado e agora com dois singles estourados, projeto do produtor Natan Whitey é disputado por seis gravadoras
Rock e eletrônica voltam como gêmeos
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
A mistura de rock com música
eletrônica não é nova, mas parece
que ninguém levou isso tão a sério
quanto Natan J. Whitey. Com ele,
é como se a guitarra do Nirvana
fosse substituída por um sintetizador. Ou se os Chemical Brothers tocassem hard rock.
Ex-jornalista e artista gráfico,
Natan é o dono do Whitey, projeto que desde o começo do ano tornou-se um dos nomes mais quentes da festejada safra de novos
produtores/DJs de música para
dançar (gente como Black Strobe,
Headman, ou os paulistanos Cansei de Ser Sexy; veja alguns desses
artistas no quadro ao lado).
O Whitey é responsável por
aquele tipo de excitação que mexe
com o mercado/imprensa européia parecido com o que aconteceu com os Strokes em 2001.
No começo do ano, ele lançou o
single "Just Another Animal",
uma faixa electro que fez certo rebuliço no circuito de clubes ingleses. No mês passado, foi a vez de
"Leave Them All Behind" ganhar
lançamento oficial. A música já
podia ser ouvida exaustivamente
nas pistas de dança européias e,
num mundo tomado por Soulseek e rádios via net, foi o suficiente para receber comentários
superelogiosos em revistas como
"I-D", "Jockey Slut", "Sleaze" e
em jornais como o "Guardian".
E pessoas como Kylie Minogue,
Jarvis Cocker (Pulp), Chromeo,
Soulwax e The Killers brigam para
ter Natan Whitey remixando suas
músicas. O que faz o Whitey tão
especial é que essa mistura entre o
rock e a eletrônica chega de forma
natural e espontânea; não é um
roqueiro tentando fazer música
para dançar nem um produtor se
intrometendo a usar guitarras.
"Passei os anos 90 produzindo
house e participei de várias bandas de rock que ninguém ouviu.
Tive duas carreiras ao mesmo
tempo, e nenhuma deu certo...
Mas deu para aprender alguma
coisa. Aprendi dois tipos de música ao mesmo tempo, e é por isso
que hoje eu faço música dessa forma", disse Natan à Folha, por telefone, de Londres.
Com apenas dois singles lançados, com o disco oficial saindo
apenas em setembro, o Whitey já
ganhou a escalação em importantes festivais de eletrônica, como o
10 Days Off (na Bélgica, que terá
François K, Jeff Mills, Miss Kittin),
o Mistery Land (Holanda, com
Richie Hawtin, Ladytron, Junkie
XL...) e em clubes famosos como
The End, Fabric e Bugged Out!.
A movimentação chamou a
atenção das gravadoras. Há seis
disputando os direitos do disco
do Whitey. "Se receber uma proposta boa, farei um acordo. Se
não, será independente mesmo.
Eu até ganho mais por cada disco
vendido se for independente..."
Até há uns dois ou três anos, era
difícil encontrar bons clubes ou
DJs ou uma banda que se dispusesse a tocar/produzir esse híbrido entre rock e eletrônica. Hoje,
pode-se encontrá-lo em grupos
como Rapture, Audio Bullys.
"Tenho tentado fazer isso desde
1997. São sete anos. E, nos primeiros cinco anos e meio, ninguém
estava interessado. Eu enviava
canções a gravadoras e pessoas ligadas à indústria fonográfica, e
eles não entendiam...", diz.
"Esperava que isso acontecesse
quatro ou cinco anos atrás. Você
tinha a house de um lado, tropeçando como um animal ferido, e
do outro o rock, ignorando a tecnologia. Era como um casal divorciado. Acho que a geração de
agora cresceu ouvindo dance e
rock simultaneamente, sem as
barreiras que existiam para as gerações anteriores."
Whitey, além de tudo, é excêntrico. Ao vivo, faz questão de se
apresentar com uma banda.
Quando produzia house nos anos
90, fazia por meio de um pseudônimo, que não revela ("É segredo,
e ninguém descobriu"). E não
aceita que mexam ou que façam
remixes de suas músicas. "Fiz
dance music por quase dez anos.
Se eu precisar de uma nova versão
de alguma música, volto ao estúdio e produzo uma."
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