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Tudo e todos acabam no fim de "A Sete Palmos"
Série que acompanha a vida de uma família que possui uma casa funerária terá último episódio exibido hoje pela HBO
Depois da morte do protagonista, Nate, história viaja ao futuro para ver o fim dos demais personagens
SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se a morte é o seu negócio,
como é a sua vida?
Com essa premissa arriscada
de mostrar como funcionam os
bastidores de uma funerária familiar, foi ao ar pela primeira
vez, nos EUA, em 2001, o primeiro episódio de "A Sete Palmos" ("Six Feet Under").
Hoje, mais de cinco anos
após a estréia, o Brasil verá o último capítulo da série, coroada
pelo sucesso de público e de crítica, prêmios Emmy e Globo de
Ouro, além de indicações para
várias premiações televisivas.
Criada por Alan Ball, também roteirista de "Beleza Americana", a série acompanha alguns anos da vida dos Fisher,
família de Los Angeles que vive
numa casa cujo andar térreo e o
porão são utilizados para restauração de corpos e velórios.
Cada episódio começa com
uma morte, geralmente, a de
um desconhecido. Algumas são
bizarras, como a do Papai Noel
de moto que é atropelado a caminho do Natal; outras, tristes,
como a da mulher que morre
sozinha em casa e demora dias
para ter seu corpo descoberto;
ou, ainda, terríveis mesmo, como a do bebê com poucos momentos de vida que abre os
olhos, enxerga os adultos em
torno do seu berço e, logo depois, cai na escuridão.
A partir delas, os capítulos se
desenvolvem, relacionando um
aspecto do cotidiano dos Fisher
com a história desses mortos.
Tudo pode parecer um pouco
incômodo, das situações aos
detalhes de reconstituição e
das cerimônias de corpo presente. Mas tudo isso tem um
contraponto no humor negro e
em alguns toques fantásticos.
Quem acompanha a história
deve estar esperando mesmo é
saber, nesta noite, qual será o
futuro da família Fisher depois
da súbita morte de Nate, não
apenas o filho mais querido
dentro da trama, como o personagem que parece ter sido desenhado para identificar cada
um de nós, fora dela.
Isso porque Nate era o único
dos Fisher que não encarava a
morte como algo normal, que
não se conformava em conviver
com tanta tristeza sem se comover com cada história em
particular. E justo Nate, aquele
que carregava um sinal trágico,
uma doença cerebral que anunciava que sua vida poderia ser
muito, muito breve.
Como não poderia deixar de
ser, os capítulos d.N. (depois de
Nate) não conseguem se desligar muito do personagem. E
seu fantasma reaparece um
monte de vezes, até para fazer
as pazes com a parceira Brenda
ou empurrar a irmã, Claire, na
viagem que guiará seu destino.
Desde o princípio, dava para
notar que "A Sete Palmos" não
era uma minissérie norte-americana como as outras. Nela,
nada é amarradinho e formatado. O roteiro tem uma riqueza
incomum para a TV, os personagens são bem delineados e
consistentes e a trama se desenrola e amadurece quase como
num texto literário.
Para este último episódio, vale ainda aquele velho lugar-comum: "Prepare o seu lençol". A
história viaja ao futuro numa
espécie de visão que Claire, a
caçula dos Fisher, tem na estrada. Será possível ver, um a um,
o futuro e o fim de cada um dos
personagens principais. Mas,
diferentemente da morte de
Nate, eles serão menos chocantes e terão algo de fabuloso.
É uma pena que nenhuma
mágica, nem daquelas hollywoodianas, possa oferecer seqüências para "A Sete Palmos"
depois desta noite.
É o fim, mesmo.
"A SETE PALMOS"
Quando: hoje, às 22h
Onde: HBO
Com: Peter Krause, Michael C. Hall,
Frances Conroy e Rachel Griffiths
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