São Paulo, quinta-feira, 02 de julho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para baratear seriado, Bogotá vira Los Angeles

Vice-presidente da Fox diz que fez "Mental" na Colômbia para driblar impostos

Emiliano Saccone crê que modelo de produção de séries tem de mudar para ser eficiente; para ele, filmar no Brasil ainda é muito caro


LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

O modelo das grandes séries que reuniam quase toda a audiência de um horário faliu. Até mesmo os consagrados Oscar e Emmy tiveram de repensar suas cerimônias de premiação para atrair público.
Emiliano Saccone, vice-presidente sênior de conteúdo global da Fox International, acha que o jeito de fazer seriados tem de mudar para "buscar soluções mais eficientes". "Por uma série de razões, grandes séries não têm a mesma audiência de dois ou três anos atrás", diz. Além disso, as redes não conseguem bancar muitas produções com alto custo.
Por isso ele vê o futuro no desenvolvimento de conteúdo em novos mercados. "Temos estúdios na Colômbia, na Argentina, na Itália e na Nova Zelândia. Sabemos que, com o tempo, teremos mais necessidade de novos conteúdos. A aquisição das séries custa cada vez mais dinheiro por causa da concorrência. Então precisamos investir na produção de nossos próprios programas", afirma.
Ele acha que o modelo norte-americano de séries ainda é o que funciona melhor para ampla exportação. Para baratear os custos e driblar os impostos, os produtores começaram a sair de Hollywood e a filmar em outros Estados. Depois, migraram para o Canadá.
Com a estreia de "Mental", a América Latina também virou uma opção. "Ninguém tinha pensado em trazer uma produção para lá. Talvez a barreira fosse da língua ou por explorar um novo território", afirma, "mas, filmando na Colômbia, "Mental" custou uma fração do que custaria nos EUA".
O seriado, estrelado pelo bonitão Chris Vance, recria os EUA em Bogotá, com equipe local e sucesso relativo -costuma ficar com uma audiência de 6 milhões, enquanto uma temporada ruim de "Lost" beira os 11 milhões de pessoas.
Ao assistir "Mental", nenhuma cena vai demonstrar que os personagens dessa clínica de doentes mentais não estejam em Los Angeles.
Mas o problema da série não é de produção, e sim de atuações e roteiro.
Essa proposta é diferente da política da HBO, por exemplo, que fez "Capadócia" no México e "Epitáfios" na Argentina, investindo em abrir novos mercados ao ambientar os seriados em suas filiais. A Fox também fez isso com "9MM: São Paulo".
Apesar do entusiasmo com a produção por estas bandas, Emiliano Saccone diz que deve demorar um pouco para vermos outras séries filmadas aqui: "O Brasil tem uma infraestrutura incrível, uma grande diversidade de locações e bons profissionais. Mas os custos, comparados ao outros países latino-americanos, são muito altos ainda. Acho que isso vai mudar em breve. Com certeza é um mercado em que estamos de olho".


Texto Anterior: Tentações
Próximo Texto: TV paga: TVA libera sinal de infantis em julho
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.