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Para baratear seriado, Bogotá vira Los Angeles
Vice-presidente da Fox diz que fez "Mental" na Colômbia para driblar impostos
Emiliano Saccone crê que modelo de produção de séries tem de mudar para ser eficiente; para ele, filmar no Brasil ainda é muito caro
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL
O modelo das grandes séries
que reuniam quase toda a audiência de um horário faliu. Até
mesmo os consagrados Oscar e
Emmy tiveram de repensar
suas cerimônias de premiação
para atrair público.
Emiliano Saccone, vice-presidente sênior de conteúdo global da Fox International, acha
que o jeito de fazer seriados
tem de mudar para "buscar soluções mais eficientes". "Por
uma série de razões, grandes
séries não têm a mesma audiência de dois ou três anos
atrás", diz. Além disso, as redes
não conseguem bancar muitas
produções com alto custo.
Por isso ele vê o futuro no desenvolvimento de conteúdo em
novos mercados. "Temos estúdios na Colômbia, na Argentina, na Itália e na Nova Zelândia.
Sabemos que, com o tempo, teremos mais necessidade de novos conteúdos. A aquisição das
séries custa cada vez mais dinheiro por causa da concorrência. Então precisamos investir
na produção de nossos próprios programas", afirma.
Ele acha que o modelo norte-americano de séries ainda é o
que funciona melhor para ampla exportação. Para baratear
os custos e driblar os impostos,
os produtores começaram a
sair de Hollywood e a filmar em
outros Estados. Depois, migraram para o Canadá.
Com a estreia de "Mental", a
América Latina também virou
uma opção. "Ninguém tinha
pensado em trazer uma produção para lá. Talvez a barreira
fosse da língua ou por explorar
um novo território", afirma,
"mas, filmando na Colômbia,
"Mental" custou uma fração do
que custaria nos EUA".
O seriado, estrelado pelo bonitão Chris Vance, recria os
EUA em Bogotá, com equipe local e sucesso relativo -costuma ficar com uma audiência de
6 milhões, enquanto uma temporada ruim de "Lost" beira os
11 milhões de pessoas.
Ao assistir "Mental", nenhuma cena vai demonstrar que os
personagens dessa clínica de
doentes mentais não estejam
em Los Angeles.
Mas o problema da série não
é de produção, e sim de atuações e roteiro.
Essa proposta é diferente da
política da HBO, por exemplo,
que fez "Capadócia" no México
e "Epitáfios" na Argentina, investindo em abrir novos mercados ao ambientar os seriados
em suas filiais. A Fox também
fez isso com "9MM: São Paulo".
Apesar do entusiasmo com a
produção por estas bandas,
Emiliano Saccone diz que deve
demorar um pouco para vermos outras séries filmadas
aqui: "O Brasil tem uma infraestrutura incrível, uma
grande diversidade de locações
e bons profissionais. Mas os
custos, comparados ao outros
países latino-americanos, são
muito altos ainda. Acho que isso vai mudar em breve. Com
certeza é um mercado em que
estamos de olho".
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