São Paulo, sábado, 02 de julho de 2011

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Filha diz que Candido não muda de editora

Especulação de que obra migraria para casa de maior porte coincide com ida do crítico à Flip e fusões no mercado

Ana Luisa Escorel também anunciou que livros do ensaísta serão lançados em formato digital no ano que vem

JOSÉLIA AGUIAR
COLUNISTA DA FOLHA

A tão esperada ida à Flip de Antonio Candido, 93, pode ter contribuído. Ou o anúncio recente de fusões e aquisições entre editoras de pequeno e médio porte.
Numa onda de boatos que circula entre editores e livreiros, diz-se que a obra desse que é o maior clássico da crítica literária no país, hoje na Ouro Sobre Azul, seria transferida para uma editora maior, com mais fôlego para produção e distribuição.
"Essas especulações não têm fundamento", afirma Ana Luisa Escorel, filha de Candido e sua editora, que anuncia para 2012 o lançamento da obra do intelectual também em formato digital.
No site da editora e em livrarias consultadas, informa-se que parte desses títulos já está esgotada. A Ouro Sobre Azul afirma que isso ocorre, porém, com apenas quatro títulos, em fase de atualização ortográfica.
A Ouro Sobre Azul surgiu como editora especializada em livros ilustrados, em 2001. Começou a republicar os títulos de Candido três anos depois. "Antes, sua obra estava dispersa, fora de catálogo e tinha pouco valor comercial", diz Escorel.
O catálogo se revalorizou, segundo ela, com reedições, projeto gráfico novo e revisões do próprio ensaísta.

CONCENTRAÇÃO
Na última semana, foi anunciada a associação entre a Estação Liberdade, conhecida pelo catálogo de literatura japonesa, e a Hedra, que tem uma ampla coleção de livros de bolso. Há dois meses, o grupo Leya se tornara sócio majoritário da Casa da Palavra, no Rio.
"Há uma coincidência, mas são processos diferentes", afirma Cristina Warth, presidente da Libre, liga que reúne cerca de cem editoras independentes.
"Uma coisa é a compra de uma independente por um grande grupo estrangeiro, outra são associações de editores pequenos e médios para se fortalecer. A segunda é uma reação à concentração."
O mercado piorou nos últimos cinco anos? "Está mais complicado expor nas livrarias com o critério da qualidade. A exposição nas grandes redes passa pela compra de espaço", fala Warth.
Angel Bojadsen, da Estação Liberdade, diz que a junção das pequenas contribui para que se atinja peso crítico para atuar no mercado. "Não tenho tempo para ser um editor alternativo. É necessário que os títulos circulem nacionalmente, faz bem aos livros e é direito dos autores."


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