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JÚPITER MAÇÃ, 68 EM 98
Brasil tem novo gênio da canção de amor
da Reportagem Local
Júpiter Maçã, ente e forma musical, é um elogio à esquizofrenia.
Todo engomado para o consumo
por jovens hippies de 30 anos atrás
-logo, extemporâneo-, é o artista brasileiro jovem que melhor
soube, desde o mangue beat, manipular sentimentos e experiências próprios dos anos 90.
É difícil entender como as duas
forças em tensão se casam, mas
elas se casam à perfeição. O amontoado de referências -Mutantes,
Beatles, Kinks, Pink Floyd, Byrds,
Who, Love, tantos outros- tende
ao pastiche, mas passa longe dele.
Sua pesquisa é de aprofundar as
pistas lançadas por aqueles artistas, esforço de adequação de vestimenta nunca plenamente resolvido a novos parâmetros. Como se
68 e 98 fossem um só ano. Passeiam desde farras adolescentes
("Um Lugar do Caralho") e viajação ("As Tortas e as Cucas") até
muito sexo e muito romantismo.
"As Outras Que Me Querem" e
"Essência Interior" são expressão da incapacidade de decisão entre mono ou poligamia. JM investiga as duas, não opta por nenhuma porque não há opção possível.
Nisso, joga às traças a característica mais odiável do rock brasileiro, a da adolescência debilóide e
bravateira. Faz rock como gente
grande, não como criança.
Mais: é "baladeiro" raro, romântico elegante como não se ouvia desde Roberto Carlos. "Miss
Lexotan 6mg Garota" e "Eu e Minha Ex" são as canções de amor
que Roberto faria se não houvesse
virado o careta que virou.
JM desafina mais que o necessário, mas emoldura idéias com arranjos de primeira e excelência
técnica. O Brasil precisava de alguém assim, e ele veio, quem diria, do rock. País esquisito.
(PAS)
Disco: A Sétima Efervescência
Artista: Júpiter Maçã
Lançamento: Antídoto/PolyGram
Quanto: R$ 18, em média
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