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Câncer mata
apresentador
Bolinha
aos 61 anos
IVAN FINOTTI
da Reportagem Local e do "Notícias Populares"
O apresentador Edson Cabariti
Cury, o mitológico Bolinha das camisas estampadas, morreu às 2h30
de ontem de insuficiência cardíaca
e respiratória. Tinha 61 anos.
Bolinha lutava contra um câncer
em seu aparelho digestivo havia
pelo menos três anos. Estava internado havia duas semanas na UTI
do hospital Nove de Julho, em São
Paulo, onde morreu.
Bolinha deve ser enterrado às 12h
de hoje no cemitério Areia Branca,
em Santos. Durante a manhã, será
velado na Beneficência Portuguesa
de Santos.
O velório em São Paulo aconteceu no hospital Cruz Azul, no
Cambuci. Além da família e amigos, várias "boletes", as dançarinas do programa, compareceram.
Rita Cadillac, que foi chacrete
antes de ser bolete, se emocionou
com a coincidência das datas de
morte de seus ex-patrões. "Há dez
anos, o Bolinha me disse que o
Chacrinha tinha morrido." Chacrinha morreu em 30 de junho de
1988, também de câncer.
Brega
Bolinha estava fora da TV desde
abril de 94, quando terminou seu
contrato com a Bandeirantes. Ao
todo, foram 26 anos à frente do
programa que levava seu nome.
Nascido em 16 de julho de 1936,
em Bauru, interior de SP, Bolinha
ganhou seu apelido logo na infância. "Desde criança eu era gordinho, caía e rolava. Eu não gostei
do apelido, reclamei, mas ficou",
disse à Folha em um entrevista
publicada em setembro de 91.
O apresentador dizia ter feito de
tudo antes de trabalhar na TV.
"Fui feirante, engraxate, cobrador de ônibus e balconista. Já vendi até suspensório para cobra."
Não se pode mesmo negar sua
eficiência como vendedor. Careca,
por mais de dez anos anunciou um
produto contra a calvície em seu
"Clube do Bolinha".
A carreira como comunicador
começou em 1958, na rádio Cultura de Araçatuba. Em maio de 63,
Bolinha chegou a São Paulo. Passou pela rádio Excelsior e foi logo
transferido para o "cast" televisivo da emissora.
Após despontar como apresentador do "Reis do Ringue", o artista ganhou seu programa de calouros "A Hora do Bolinha". Era
dezembro de 66.
O sucesso foi instantâneo. Até o
fim dos anos 60, "A Hora do Bolinha" foi um dos dez programas
mais populares da TV brasileira.
Em 73, Bolinha se transferiu para a Bandeirantes. Lá, apresentou
o programa até 94 -houve um
hiato entre 80 e 82.
Foi na Bandeirantes, onde o programa se chamou "TV Bolinha"
e "Clube do Bolinha", que as camisas estampadas do apresentador se tornaram uma marca.
"Odeio camisa para dentro da
calça", dizia. Pois usava suas 150
camisas de seda para fora mesmo.
A moda pegou. "No último aniversário, ganhei 34", disse em 91.
Bolinha era considerado brega e
adorava isso. "Brega é sucesso,
mas ser brega é difícil. Eu sou brega e sou sucesso."
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