São Paulo, quinta, 2 de julho de 1998

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Câncer mata apresentador Bolinha aos 61 anos

IVAN FINOTTI
da Reportagem Local e do "Notícias Populares"

O apresentador Edson Cabariti Cury, o mitológico Bolinha das camisas estampadas, morreu às 2h30 de ontem de insuficiência cardíaca e respiratória. Tinha 61 anos.
Bolinha lutava contra um câncer em seu aparelho digestivo havia pelo menos três anos. Estava internado havia duas semanas na UTI do hospital Nove de Julho, em São Paulo, onde morreu.
Bolinha deve ser enterrado às 12h de hoje no cemitério Areia Branca, em Santos. Durante a manhã, será velado na Beneficência Portuguesa de Santos.
O velório em São Paulo aconteceu no hospital Cruz Azul, no Cambuci. Além da família e amigos, várias "boletes", as dançarinas do programa, compareceram.
Rita Cadillac, que foi chacrete antes de ser bolete, se emocionou com a coincidência das datas de morte de seus ex-patrões. "Há dez anos, o Bolinha me disse que o Chacrinha tinha morrido." Chacrinha morreu em 30 de junho de 1988, também de câncer.

Brega
Bolinha estava fora da TV desde abril de 94, quando terminou seu contrato com a Bandeirantes. Ao todo, foram 26 anos à frente do programa que levava seu nome.
Nascido em 16 de julho de 1936, em Bauru, interior de SP, Bolinha ganhou seu apelido logo na infância. "Desde criança eu era gordinho, caía e rolava. Eu não gostei do apelido, reclamei, mas ficou", disse à Folha em um entrevista publicada em setembro de 91.
O apresentador dizia ter feito de tudo antes de trabalhar na TV. "Fui feirante, engraxate, cobrador de ônibus e balconista. Já vendi até suspensório para cobra."
Não se pode mesmo negar sua eficiência como vendedor. Careca, por mais de dez anos anunciou um produto contra a calvície em seu "Clube do Bolinha".
A carreira como comunicador começou em 1958, na rádio Cultura de Araçatuba. Em maio de 63, Bolinha chegou a São Paulo. Passou pela rádio Excelsior e foi logo transferido para o "cast" televisivo da emissora.
Após despontar como apresentador do "Reis do Ringue", o artista ganhou seu programa de calouros "A Hora do Bolinha". Era dezembro de 66.
O sucesso foi instantâneo. Até o fim dos anos 60, "A Hora do Bolinha" foi um dos dez programas mais populares da TV brasileira.
Em 73, Bolinha se transferiu para a Bandeirantes. Lá, apresentou o programa até 94 -houve um hiato entre 80 e 82.
Foi na Bandeirantes, onde o programa se chamou "TV Bolinha" e "Clube do Bolinha", que as camisas estampadas do apresentador se tornaram uma marca.
"Odeio camisa para dentro da calça", dizia. Pois usava suas 150 camisas de seda para fora mesmo. A moda pegou. "No último aniversário, ganhei 34", disse em 91.
Bolinha era considerado brega e adorava isso. "Brega é sucesso, mas ser brega é difícil. Eu sou brega e sou sucesso."



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