São Paulo, quarta-feira, 02 de agosto de 2000


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MÚSICA ERUDITA
Regente alemão será operado e não vem ao país; violonista brasileiro é o destaque da programação
Kurt Masur desfalca temporada da Osesp

IRINEU FRANCO PERPETUO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Neste mês, a temporada de concertos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, a Osesp, sofre seu maior desfalque.
Alegando uma cirurgia a ser realizada nos próximos dias, e que deverá deixá-lo fora de combate durante pelo menos quatro semanas, o regente alemão Kurt Masur, 72, desistiu de reger a sinfônica no próximo mês.
Nos últimos anos, Masur esteve no Brasil à frente da Gewandhaus de Leipzig e da Filarmônica de Nova York (da qual ele é o diretor até 2002). Nessa sua nova apresentação no país, o maestro também ministraria o Curso Latino-Americano de Regência Orquestral, cujos alunos dariam um concerto na Sala São Paulo, no próximo dia 12. As aulas também seriam realizadas na própria Sala São Paulo.
Tanto o curso quanto a subsequente apresentação dos alunos estão cancelados. O programa dos próximos dias 10 e 11 -datas em que Masur se apresentaria-, integrado pelas quartas sinfonias de Mendelssohn e Bruckner, está mantido. A regência ficará sob a batuta do veterano regente norte-americano nascido na Ucrânia Stanislaw Skrowaczewski (pronuncia-se "skrovatchévski"), 77.

Violão
Com a ausência de Kurt Masur, o concerto mais interessante da programação do mês acaba sendo mesmo o primeiro de todos: regida por Roman Brogli, a Osesp convida um instrumento habitualmente deixado de lado na programação das sinfônicas de todo o planeta -o violão.
E a orquestra caprichou também na escolha do solista: com discos gravados pela Naxos, Music Masters e EGTA, o violonista paulista radicado em Londres Fabio Zanon, 34, é um dos maiores expoentes de seu instrumento na atualidade.
Tendo vencido no mesmo ano (1996) os dois mais importantes concursos de violão do planeta (Francisco Tarrega, na Espanha, e GFA, nos EUA), Zanon interpreta o sofisticado concerto do compositor francês de origem andaluza Maurice Ohana.

Música colonial
Dias 24 e 26 é a vez da música colonial brasileira: sob regência de Roberto Minczuk e com a participação do Coral Sinfônico do Estado de São Paulo, a Osesp toca a vibrante "Missa e Credo a Oito Vozes", do mais talentoso compositor nascido em solo mineiro, o precocemente falecido Padre João de Deus de Castro Lobo (1794-1832).
Por fim, encerrando o mês, Alun Francis dirige um programa cujo destaque é "Le Boeuf sur le Toit", de Darius Milhaud (1892-1974), compositor francês que residiu no Rio de Janeiro entre 1917 e 1919 como adido cultural de seu país em uma representação diplomática chefiada pelo escritor e poeta Paul Claudel (1868-1955). Baseado em uma farsa de Jean Cocteau, "Le Boeuf sur le Toit" é um amálgama de três dezenas de temas e fragmentos de canções cariocas da década de 10, com destaque para o tango "O Boi no Telhado", de Zé Boiadeiro.


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