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MÚSICA ERUDITA
Regente alemão será operado e não vem ao país; violonista brasileiro é o destaque da programação
Kurt Masur desfalca temporada da Osesp
IRINEU FRANCO PERPETUO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Neste mês, a temporada de concertos da Orquestra Sinfônica do
Estado de São Paulo, a Osesp, sofre seu maior desfalque.
Alegando uma cirurgia a ser
realizada nos próximos dias, e
que deverá deixá-lo fora de combate durante pelo menos quatro
semanas, o regente alemão Kurt
Masur, 72, desistiu de reger a sinfônica no próximo mês.
Nos últimos anos, Masur esteve
no Brasil à frente da Gewandhaus
de Leipzig e da Filarmônica de
Nova York (da qual ele é o diretor
até 2002). Nessa sua nova apresentação no país, o maestro também ministraria o Curso Latino-Americano de Regência Orquestral, cujos alunos dariam um concerto na Sala São Paulo, no próximo dia 12. As aulas também seriam realizadas na própria Sala
São Paulo.
Tanto o curso quanto a subsequente apresentação dos alunos
estão cancelados. O programa dos
próximos dias 10 e 11 -datas em
que Masur se apresentaria-, integrado pelas quartas sinfonias de
Mendelssohn e Bruckner, está
mantido. A regência ficará sob a
batuta do veterano regente norte-americano nascido na Ucrânia
Stanislaw Skrowaczewski (pronuncia-se "skrovatchévski"), 77.
Violão
Com a ausência de Kurt Masur,
o concerto mais interessante da
programação do mês acaba sendo
mesmo o primeiro de todos: regida por Roman Brogli, a Osesp
convida um instrumento habitualmente deixado de lado na
programação das sinfônicas de
todo o planeta -o violão.
E a orquestra caprichou também na escolha do solista: com
discos gravados pela Naxos, Music Masters e EGTA, o violonista
paulista radicado em Londres Fabio Zanon, 34, é um dos maiores
expoentes de seu instrumento na
atualidade.
Tendo vencido no mesmo ano
(1996) os dois mais importantes
concursos de violão do planeta
(Francisco Tarrega, na Espanha, e
GFA, nos EUA), Zanon interpreta
o sofisticado concerto do compositor francês de origem andaluza
Maurice Ohana.
Música colonial
Dias 24 e 26 é a vez da música
colonial brasileira: sob regência
de Roberto Minczuk e com a participação do Coral Sinfônico do
Estado de São Paulo, a Osesp toca
a vibrante "Missa e Credo a Oito
Vozes", do mais talentoso compositor nascido em solo mineiro,
o precocemente falecido Padre
João de Deus de Castro Lobo
(1794-1832).
Por fim, encerrando o mês,
Alun Francis dirige um programa
cujo destaque é "Le Boeuf sur le
Toit", de Darius Milhaud (1892-1974), compositor francês que residiu no Rio de Janeiro entre 1917
e 1919 como adido cultural de seu
país em uma representação diplomática chefiada pelo escritor e
poeta Paul Claudel (1868-1955).
Baseado em uma farsa de Jean
Cocteau, "Le Boeuf sur le Toit" é
um amálgama de três dezenas de
temas e fragmentos de canções
cariocas da década de 10, com
destaque para o tango "O Boi no
Telhado", de Zé Boiadeiro.
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