São Paulo, sexta-feira, 02 de agosto de 2002

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RUÍDO

Casa Civil oficializa Ivan Lins e Frejat em grupo

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

O grupo de trabalho pela numeração de discos e livros só não está constituído ainda, segundo a Casa Civil da Presidência, porque Ivan Lins, definido pelo governo como um dos representantes da classe musical, está no exterior até o dia 11.
Lobão e Beth Carvalho, líderes da mobilização pela numeração, afirmam que apresentaram formalmente seus próprios nomes como representantes da classe e já não conseguem sequer ser atendidos pelos responsáveis pelo grupo no governo.
Sua aparente destituição seria fruto da articulação de pessoas como Paula Lavigne, empresária e mulher de Caetano Veloso, que intermediou a indicação de Frejat (afinado com o grupo pró-numeração, mas pertencente a uma grande gravadora) e Ivan Lins (alinhado às posições da Associação Brasileira dos Produtores de Discos, contrária à numeração).
A ABPD tem ligações, portanto, com todos os representantes da classe musical -Lins, Frejat e o advogado João Carlos Miller. A Associação Brasileira dos Músicos Independentes (que é contra a numeração) reclama sua exclusão, e a Casa Civil argumenta que suas posições serão ouvidas no processo. Mas a massa de músicos independentes (Lobão e Beth inclusive) ficou sem voz no grupo.

O NÃO-LANÇAMENTO

Mesmo mitificada em todo canto, a era dos festivais de MPB não encontrou, até aqui, registro histórico em CD, embora a Philips (hoje Universal) costumasse lançar em disco os classificados de cada competição. Talvez a mais importante de todas, a terceira edição do Festival da Record, de 67, foi reunida em três volumes, com seleção exuberante que vai muito além das sempre lembradas "Ponteio", "Domingo no Parque", "Roda Viva" e "Alegria, Alegria". Ao elenco somavam-se Roberto Carlos, Elis Regina, Nara Leão, Sidney Miller, Gal Costa, Tom Zé, Johnny Alf, Geraldo Vandré, Dori Caymmi, Erasmo Carlos, Jair Rodrigues, Sérgio Ricardo, Martinho da Vila, Ronnie Von e os deslocados Pixinguinha e Capiba. História jogada no lixo.

GOLPE BAIXO

Zeca Baleiro tenta esclarecer controvérsia em que se viu envolvido por conta do bate-boca entre Universal e Lobão (a primeira notificou o segundo por falta de pagamento de direitos autorais devidos por participação de Zeca num disco seu): "Me parece claro o desejo de desmoralizar Lobão e, consequentemente, a causa da numeração. Se a indústria fonográfica reclama do projeto que a trata presumidamente como fraudadora, que aja com transparência, conquiste credibilidade pública com lisura e evite a prática de golpes baixos como esse. No mais, o cachê que recebi por minha participação é impagável -a satisfação de fazer parte de um disco histórico e belo. Amor não se paga com royalties".

ATO FALHO

O presidente da Universal, Marcelo Castello Branco, dividiu espaço com Beth Carvalho na TV, no programa de anteontem de Marília Gabriela, dedicado ao debate da numeração. Na hora de se deixar fotografar, escolheu como adereço a manopla do Capitão Gancho, líder de todos os piratas da Terra do Nunca e inimigo número um do garoto-prodígio Peter Pan.

psanches@folhasp.com.br



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