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RUÍDO
Casa Civil oficializa Ivan Lins e Frejat em grupo
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
O grupo de trabalho pela
numeração de discos e livros só não está constituído ainda, segundo a Casa Civil da Presidência, porque Ivan Lins, definido pelo governo como um dos
representantes da classe musical, está no exterior até o dia 11.
Lobão e Beth Carvalho, líderes
da mobilização pela numeração,
afirmam que apresentaram formalmente seus próprios nomes
como representantes da classe e
já não conseguem sequer ser
atendidos pelos responsáveis
pelo grupo no governo.
Sua aparente destituição seria
fruto da articulação de pessoas
como Paula Lavigne, empresária e mulher de Caetano Veloso,
que intermediou a indicação de
Frejat (afinado com o grupo
pró-numeração, mas pertencente a uma grande gravadora)
e Ivan Lins (alinhado às posições da Associação Brasileira
dos Produtores de Discos, contrária à numeração).
A ABPD tem ligações, portanto, com todos os representantes
da classe musical -Lins, Frejat
e o advogado João Carlos Miller.
A Associação Brasileira dos Músicos Independentes (que é contra a numeração) reclama sua
exclusão, e a Casa Civil argumenta que suas posições serão
ouvidas no processo. Mas a
massa de músicos independentes (Lobão e Beth inclusive) ficou sem voz no grupo.
O NÃO-LANÇAMENTO
Mesmo mitificada em todo
canto, a era dos festivais de
MPB não encontrou, até
aqui, registro histórico em
CD, embora a Philips (hoje
Universal) costumasse lançar em disco os classificados
de cada competição. Talvez a
mais importante de todas, a
terceira edição do Festival da
Record, de 67, foi reunida
em três volumes, com seleção exuberante que vai muito além das sempre lembradas "Ponteio", "Domingo
no Parque", "Roda Viva" e
"Alegria, Alegria". Ao elenco
somavam-se Roberto Carlos, Elis Regina, Nara Leão,
Sidney Miller, Gal Costa,
Tom Zé, Johnny Alf, Geraldo
Vandré, Dori Caymmi, Erasmo Carlos, Jair Rodrigues,
Sérgio Ricardo, Martinho da
Vila, Ronnie Von e os deslocados Pixinguinha e Capiba.
História jogada no lixo.
GOLPE BAIXO
Zeca Baleiro tenta esclarecer
controvérsia em que se viu
envolvido por conta do bate-boca entre Universal e Lobão
(a primeira notificou o
segundo por falta de
pagamento de direitos autorais
devidos por participação de
Zeca num disco seu): "Me
parece claro o desejo de
desmoralizar Lobão e,
consequentemente, a causa da
numeração. Se a indústria
fonográfica reclama do projeto
que a trata presumidamente
como fraudadora, que aja com
transparência, conquiste
credibilidade pública com
lisura e evite a prática de golpes
baixos como esse. No mais, o
cachê que recebi por minha
participação é impagável -a
satisfação de fazer parte de um
disco histórico e belo. Amor
não se paga com royalties".
ATO FALHO
O presidente da Universal,
Marcelo Castello Branco,
dividiu espaço com Beth
Carvalho na TV, no programa
de anteontem de Marília
Gabriela, dedicado ao debate
da numeração. Na hora de se
deixar fotografar, escolheu
como adereço a manopla do
Capitão Gancho, líder de todos
os piratas da Terra do Nunca e
inimigo número um do
garoto-prodígio Peter Pan.
psanches@folhasp.com.br
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