São Paulo, terça-feira, 02 de agosto de 2005

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Enciclopédia abrange diferentes significados

DA REDAÇÃO

O historiador Fernand Braudel certa vez disse que as drogas eram o "grande ausente da história". Na tentativa de mapear essa grande lacuna, ainda hoje aberta, chega simultaneamente às livrarias a "Pequena Enciclopédia da História das Drogas e Bebidas", também de Henrique Carneiro.
O livro define droga como tudo o que se ingere e que não é alimento -ainda que alguns alimentos sejam designados como drogas (bebidas alcóolicas, especiarias, açúcar, chá, café, chocolate e outros)- e apresenta o estudo do tema como componente essencial para a elaboração de uma história da mente humana.
Num abrangente prefácio, que tenta dar conta dos diversos significados que a droga teve ao longo da história, ele diz: "Drogas psicoativas podem agir como remédios ou venenos, alimentos ou bebidas, analgésicos ou anestésicos, eutanásicos ou instrumentos para sonhar, divindades ou demônios, seus usos abrangem o nascimento e a morte, o prazer e a dor, o desejo e a necessidade, o vício e o hábito". E, ainda, "podem despertar a vigília ou adormecer e acalmar o ânimo. Abrem o apetite ou tiram a fome. São atiçadoras da sexualidade ou anuladoras da excitação. Seus usos múltiplos alimentam e espelham a alma humana".
Em cada verbete, o livro encerra não só uma descrição de cada droga, mas busca contextualizar seu uso na rede política e econômica em que o uso foi detectado.
Os verbetes estão divididos nas seguintes categorias: "fermentados alcoólicos", "destilados alcóolicos", "fumos e resinas", "bebidas e mastigatórios excitantes", "alucinógenos vegetais" e "outras substâncias".
Rico não só em dados como também em curiosidades, ficamos sabendo, por exemplo, que a soma, droga sobre a qual girava a sociedade imaginária do futuro criada por Aldous Huxley no clássico "Admirável Mundo Novo" (1932), apesar de não ser descrita com precisão, realmente existe e já havia sido identificada na tradição religiosa hindu e persa. Ou, ainda, que o soju, destilado coreano a partir de cereais, que teve origem na China, no século 13, é um dos destilados mais consumidos no mundo.
Além desses títulos, Carneiro é autor de "Afrodisíacos e Alucinógenos na Botânica e na Farmácia" e "As Drogas no Mundo Moderno" (editora Xamã), entre outros.


Pequena Enciclopédia da História das Drogas e Bebidas
Autor:
Henrique Carneiro
Editora: Campus/Elsevier
Quanto: R$ 42 (216 págs.)


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