São Paulo, terça-feira, 02 de agosto de 2005

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MÚSICA

Sesc recupera teatro no centro do Rio; show de estréia tem Paulinho da Viola e Velha Guarda da Portela, entre outros

Ginástico reabre com samba e bossa nova

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Depois de dois anos e meio em obras, reabre hoje à noite um dos teatros mais tradicionais do Rio. O Ginástico, agora chamado Sesc Ginástico, ressurge aos 67 anos com cara nova e uma programação que reúne nomes importantes da música e do teatro.
Fechada para convidados, a festa de reabertura é musical. A partir das 19h30, sobem ao palco Tira Poeira, Paulo Moura, Época de Ouro, Paulinho da Viola, Velha Guarda da Portela, Teresa Cristina, Roberto Menescal, Wanda Sá, Cris Delanno e Simone.
Ao priorizar o choro, o samba e a bossa nova -e exibir fotos do Cristo Redentor e desenhos de J. Carlos -o objetivo é dar, já na primeira noite, um clima bem carioca ao teatro revigorado.
"O Sesc não tinha um equipamento cultural no centro da cidade, por onde passa boa parte da nossa clientela, que é de trabalhadores do comércio. Ao recuperar um teatro tão tradicional, ainda ajudamos a revitalizar esse centro", diz Dionino Colaneri, diretor regional do Sesc-RJ.
Mas alguns dos destaques da programação que está sendo montada não têm sotaque carioca. Em setembro, por exemplo, acontecerá o Festival de Antunes Rio de Janeiro, com a apresentação dos espetáculos "Antígona" e "Foi Carmen Miranda", de Antunes Filho. "O intercâmbio com o Sesc de São Paulo é natural e estará mais favorecido com o novo teatro", diz Colaneri.
No próximo dia 18, estréia a primeira peça que fará temporada regular no novo Ginástico. "OFF", com Nathalia Timberg, é um texto de Manoel Carlos, paulista radicado no Rio e escritor dedicado quase exclusivamente às telenovelas. "Nossa idéia é ter peças e musicais de quinta a domingo, e outros espetáculos, como shows e balés, de segunda a quarta", anuncia Colaneri.
Nas duas próximas terças-feiras, a música ocupará o palco. No dia 9, a harpista Cristina Braga tocará dentro do projeto Rio International Cello Encounter, e no dia 16 será a vez de o saxofonista Mauro Senise e o vibrafonista Jota Moraes apresentarem o repertório do CD "Tempo Caboclo".

Encenações históricas
Além de ganhar 514 poltronas novas, o Ginástico passou por uma série de reformas estruturais: o palco foi rebaixado para melhorar a visão da platéia; passou a ter "quarteladas" (buracos no piso), permitindo a atores entrarem em cena por baixo, não só pelas coxias; e ganhou luzes de ribalta e novos refletores.
"Quando arrendamos o Ginástico, pensávamos em uma reforma mais singela, mas, como é um teatro que fica dentro de um prédio antigo, o trabalho foi maior", diz Colaneri. O Sesc afirma ter investido R$ 3 milhões na reforma.
O prédio antigo é do Clube Ginástico Português, cuja escola de formação de atores foi criada em 1877. Em 1938 surgiu o teatro, que abrigou encenações famosas como a do monólogo "As Mãos de Eurídice", de Pedro Bloch, com Rodolfo Mayer, e a de "Mirandolina", de Carlo Goldoni, com Fernanda Montenegro.
Também passaram pelo palco da avenida Graça Aranha musicais como "Ópera do Malandro", de Chico Buarque, e "Somos Irmãs", sobre a vida das irmãs Linda e Dircinha Batista.
A reforma não apagou todos os sinais da longa história do Ginástico. O quadro de luz com que o teatro abriu no final dos anos 30 está exposto em uma vitrine. Também foram preservados vitrais tradicionais.


Reabertura do teatro Ginástico
Quando:
hoje, às 19h30 (somente para convidados)
Onde: av. Graça Aranha, 187, centro, RJ, tel. 0/xx/21/2220-8394


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