São Paulo, Segunda-feira, 02 de Agosto de 1999
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Festival Dulôco 99 traz shows de Grandmaster Flash, De La Soul e Afrika Bambaataa, além de workshops e palestras de break, grafite e rap
SP disseca os 3 elementos do Hip Hop

MARCELO NEGROMONTE
da Redação

Você nunca viu nada igual. O maior evento de hip hop que o Brasil já testemunhou durará três dias, a partir de sexta-feira, em São Paulo, a preços módicos, com atrações que abrangem os três elementos do gênero nascido e criado nas ruas: break, grafite e rap. Tudo direcionado a eles, os seguidores da cultura hip hop.
O Dulôco 99, festival promovido pelos projetos Gorilla Groove e Vagalume, vai trazer shows de nomes da dimensão de Afrika Bambaataa & Soul Sonic Force, Grandmaster Flash, De La Soul, Jungle Brothers, Common e DJ Spooky. E os brasileiros Thaíde & DJ Hum, Black Alien, Nitro, Consequência, Záfrica Brasil, Posse Mente Zulu e Xis e Dentinho.
Ainda há mais: os Sesc Belenzinho e Itaquera (locais escolhidos pela localização central e leste da cidade, respectivamente, onde o hip hop possui bom público) inauguram a primeira versão brasileira do concurso de break "Battle of The Year", cujo grupo vencedor irá disputar a final em 17 de setembro, na Alemanha.
A "dança quebrada" é o elemento corporal do hip hop, cujos movimentos começaram a ser executados no final dos 70 em Nova York, como disputa amigável entre gangues rivais. Até Michael Jackson já fez uso -a seu modo- do break, principalmente no começo dos 80. Mal comparando, é o samba (a dança) norte-americano: nasceu nos guetos, com negros e foi, como consequência, marginalizada.
O elemento visual, plástico, fica com a responsabilidade de Os Gêmeos, dupla paulistana de grafiteiros, e Speto, que farão demonstrações e explanações da arte do grafite (não confunda com pixação, poluente, suja) no Sesc Itaquera (leia quadro nesta página).
O rapper KL Jay, dos Racionais MC's, fará um workshop de DJ no dia 7, no Sesc Belenzinho, demonstrando técnicas e os princípios básicos de controlar as pick-ups. Uma batalha de MCs (mestres-de-cerimônia) acontece no dia 8, também no Sesc Belenzinho, mediado pelo rapper Primo Preto (apresentador do "Yo", da MTV). Dois participantes empunham o microfone improvisando (não é permitido "rapear" músicas conhecidas ou decoradas), como os repentistas nordestinos (freestylers por definição), enquanto um DJ executa a base sonora. Completa-se, assim, o último elemento hip hop: o rap.
O Dulôco 99 ainda teria o histórico rapper Kool Keith, do Ultramagnetic MC's, mas sua vinda foi cancelada devido a compromissos do norte-americano com o lançamento do seu próximo álbum, "Black Elvis", dia 10 próximo. "Mas estamos vendo a possibilidade de ele vir até o final do ano para um show solo", diz Rodrigo Brandão, ex-VJ da MTV, que, com Alex Ceccin, integra o projeto Gorilla Groove.
Não é um evento para bem-nascidos, cujo interesse por rap se restringe ao fato de ele estar no topo das paradas, mas para a periferia, os b-boys, os "manos".
Exemplo: Na sexta e no sábado, um DJ ficará discotecando -e entretendo o público- após o último show desses dias até as 4h -próximo do horário de abertura do metrô e do ônibus, transportes da maioria do público.


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