São Paulo, Segunda-feira, 02 de Agosto de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Garibaldi foi acusado, diz Markun

da Reportagem Local

O jornalista paulistano Paulo Markun, 46, apresentador do programa "Roda Viva", da TV Cultura, se interessou pela história de Anita Garibaldi quando decidiu morar em Florianópolis, há um ano. Leia a seguir trechos da entrevista com o autor de "Anita Garibaldi -Uma Heroína Brasileira".

Folha - Como o sr. se interessou pela história de Anita?
Paulo Markun -
Fiquei sabendo que o Joãozinho Trinta ia fazer o desfile da Viradouro com Anita e que a Cláudia Ohana planejava um filme sobre ela. Fui buscar literatura sobre o assunto e não encontrei nada satisfatório, só coisas que misturavam ficção e realidade. Achei que valia a pena contar essa história.

Folha - O sr. viajou atrás do rastro do casal?
Markun -
Fui à Itália, aos Estados Unidos, a Montevidéu, no Uruguai, e à França. Fui ajudado por uma equipe de 15 pessoas.

Folha - Por que o sr. afirma que Giuseppe não matou Anita?
Markun -
Estavam presentes, no momento em que Anita morreu, pessoas que foram ouvidas depois, em um processo que era movido por inimigos de Garibaldi, e eles mesmos concluíram que ela morreu de febre. O legista cometeu um engano ao imaginar que ela teria sido estrangulada. Mas, num primeiro momento, esse boato chegou a se espalhar.

Folha - O sr. cita várias vezes o livro de Lindolfo Collor, avô do ex-presidente Fernando Collor, sobre Garibaldi ("Garibaldi e a Guerra dos Farrapos"). É o melhor livro sobre o período?
Markun -
Ele é um bom historiador da Revolução Farroupilha. Os historiadores reconhecem que é um bom trabalho, mas em alguns momentos ele ultrapassa os limites da realidade. Há um historiador menos conhecido que ele, Brasil Gerson, autor de "Garibaldi e Anita: Farrapos, Balaios e Cabanos", que é muito bom.

Folha - O sr. leu o livro de Yvonne Capuano sobre Anita?
Markun -
Não consegui ler, são 900 páginas, né? Ela fez um trabalho sério, um compêndio muito completo sobre o assunto. Meu objetivo foi diferente, foi fazer um livro para o grande público, tratar o caso como uma reportagem.

Folha - Como surgiu a idéia de fazer o presidente Fernando Henrique prefaciar o livro?
Markun -
Conheço o presidente desde 74, quando era apenas sociólogo, e estava em busca de alguém que tivesse consistência para fazer um prefácio do ponto de vista acadêmico. Além disso, ele é o presidente e o livro integra agora o projeto dos 500 anos.

Folha - Sendo Anita uma heroína, não teria sido mais interessante convidar dona Ruth?
Markun -
(Ri) Acho que ela poderia prefaciar com a maior tranquilidade. Mas acho que o presidente fez isso com competência.

Folha - O livro ficou bastante cinematográfico, não?
Markun -
Gostaria que fosse a Hollywood... Apliquei aí um pouco do que sei de TV, de tentar roteirizar a história. Foi uma sacada colocar a morte dela no começo.




Texto Anterior: Livro lançamentos: Quem matou Anita Garibaldi?
Próximo Texto: Suspeita não existe, diz Capuano
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.