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VENEZA
Scorsese adianta contornos
de seu "sonho italiano"
do enviado a Veneza
Martin Scorsese não se conteve.
Adiantou à imprensa italiana o
formato geral de seu "Il Dolce Cinema" ("O Doce Cinema"), que
conclui esta 56ª mostra no próximo dia 11. O diretor de "Taxi Driver" escreveu um breve artigo
("Mio Sogno Italiano", "Meu Sonho Italiano") para o jornal romano "La Repubblica" e concedeu um longo depoimento ao diário milanês "Corriere della Sera".
"Il Dolce Cinema" é o título provisório do documentário dedicado por Scorsese ao cinema italiano. "Concentrei-me no que foi
mais pessoal, mais significativo
para mim", afirmou o cineasta.
""Il Dolce Cinema" pesquisa também a ligação que sempre tive
com meu pai, Charlie, e minha
mãe, Catherine. Para mim", prossegue Scorsese, "esse documentário tem o significado de uma confissão pública, íntima".
Veneza vai assistir à primeira
versão, ainda em vídeo, do capítulo inaugural da série. A duração
é de noventa minutos, igual à da
segunda e última parte. Scorsese a
roteirizou ao lado dos italianos
Suso Cecchi d'Amico e Raffaele
Donato e do americano Kent Jones. Todo o material foi editado
por sua tradicional montadora,
Thelma Schoonmaker.
O clássico neo-realista "Paisà"
(1947), de Roberto Rossellini,
abre e fecha "Il Dolce Cinema".
"Tinha 6 anos quando o vi pela
primeira vez na televisão, ao lado
de toda a família", lembra o diretor. "Desde então os filmes italianos tornaram-se elementos essenciais de minha formação."
Nada menos que nove filmes de
Rossellini são celebrados pelo documentário: "Fantasia Sottomarina", "La Nave Bianca", "Roma,
Cidade Aberta", "Paisà", "Alemanha Ano Zero", "O Milagre",
"Francesco Giulare di Dio",
"Stromboli" e "Viaggio in Italia".
"Il Dolce Cinema" apresenta
trechos de cerca de 130 filmes, do
clássico épico mudo "Cabíria"
(1914) aos filmes de Bernardo
Bertolucci. Scorsese deixou de fora os autores "contemporâneos
demais de minha geração". "Se tivesse de apontar o nome de meus
mestres, não hesitaria: Rossellini,
De Sica, Antonioni, Pasolini.
Num lugar à parte, todo seu, Fellini, e, num lugar de honra, "La Terra Trema", de Visconti."
"Pensei em "Accattone", de Pasolini, e em "Os Boas-Vidas", de
Fellini, quando comecei a rodar
"Caminhos Perigosos" em 1973",
reconhece. "A Aventura", de Antonioni, "ensinou-me a leveza e o
mistério do sentido do tempo."
A versão completa e cinematográfica de "Il Dolce Cinema" deve
ficar pronta em meados do ano
que vem. Não surpreenderá ninguém se for lançada em Cannes
2000. O festival francês teve a primazia de lançar o documentário
anterior de Scorsese, dedicado à
história do cinema americano e
disponível em vídeo no Brasil.
Não há previsão para o lançamento nacional de "Il Dolce Cinema".
(AMIR LABAKI)
O crítico Amir Labaki viaja a Veneza a convite da organização do festival.
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