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Proposta será alterada; TV de SC defende cota de 10% a 15%
DANIEL CASTRO
COLUNISTA DA FOLHA
A proposta de 30% de programação local para as emissoras de
TV será alterada na Câmara dos
Deputados. Relator do projeto de
Jandira Feghali na Comissão de
Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, o deputado
Marcelo Barbieri (PMDB-SP) diz
que irá produzir o relatório após
as eleições, com um substitutivo
que junta a proposta de Feghali à
de Antero Paes de Barros.
O substitutivo, por ser regulamentação de matéria constitucional, terá prioridade e poderá ser
votado ainda neste ano, em "esforço concentrado".
Segundo Barbieri, o novo texto
será baseado em audiência pública realizada pela Câmara no primeiro semestre deste ano. Nessa
audiência, foram apresentadas
propostas das grandes redes (que
querem um limite de 5% a 10% de
programação regional, com horários negociados) e das afiliadas
(que defendem percentuais progressivos e diferenciados para pequenos, médios e grandes centros
urbanos, mas inferiores a 30%).
O deputado Barbieri deverá
descartar o texto do Senado, que
fixa a cota de 30% de programação regional na faixa das 18h às
22h. Isso representaria uma fatia
de 72 minutos da programação
do horário nobre das redes.
Para a Globo, esse tempo é mais
do que o ocupado por uma telenovela. Entre 18h e 22h, a Globo
cede às afiliadas apenas 15 minutos, para um telejornal local.
Afiliadas como a RBS (Globo no
RS e SC), Rede Santa Catarina de
Comunicação (SBT em SC) e Alterosa (SBT em MG) -que geram entre 50 e 100 horas de programação local e estadual por semana- também fazem ressalvas.
Horário nobre
"A regionalização é essencial,
mas 30% é muito, principalmente
no horário nobre. Das 18h à meia-noite, o telespectador quer programação nacional, não quer ver
buraco de rua. Para fazer um programa de uma hora com a qualidade da rede nacional, eu teria
que investir R$ 10 milhões em infra-estrutura e arcar com custo
mensal de R$ 400 mil", afirma
Marcello Petrelli, superintendente da Rede Santa Catarina.
Presidente da associação catarinense das emissoras de rádio e
TV, Petrelli comanda três geradoras (Florianópolis, Chapecó e
Joinville), que, segundo ele, ocupam 12% da faixa das 6h às 2h. Ele
tem uma sugestão de cotas de
programação regional: de 10% a
15% no horário nobre e de 15% a
20% no restante, sempre metade
estadual e metade municipal.
Mesmo assim, essas cotas teriam de ser implantadas de forma
gradual. Muitas afiliadas do Norte
e do Nordeste, inclusive da Globo,
ainda não têm capacidade técnica
e financeira e recursos humanos
para implantar mais de duas horas de produção local.
Redes como a Globo e o SBT reconhecem como irreversível uma
maior regionalização. A Globo
tenta emplacar projeto de produção regional, de Guel Arraes, mas
esbarra na falta de estrutura das
afiliadas. Grupos regionais também têm projetos, muitos engavetados pela retração do mercado
publicitário. A RBS investe em
dramaturgia, e a Alterosa e a Rede
Santa Catarina, com jornal e esporte, conseguiram entrar na disputa por audiência com a Globo.
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