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OUTRA FREQUÊNCIA
No rádio, até a Xuxa serve de palanque eleitoral
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Paulo Lopes comentava fofocas da TV. Falava de um segurança da Xuxa que, ao ser demitido, saiu falando que ela maltrata criancinhas. "Estranho. Por
que resolveu dizer isso só agora?
Parece a Nicéa do Pitta. Quer dizer, a pessoa vive com você 30, 20
anos, depois... você não serve. Então por que viveu 20 anos?"
Foi quarta passada, a dez dias da
eleição. Em seguida, quem estava
-pela enésima vez- no "Debate
do Paulo Lopes", palanque de
maior ibope do rádio? Celso Pitta
(PSL), candidato a deputado.
É só mais um exemplo de como
a campanha no rádio não esteve
restrita à propaganda gratuita,
que termina amanhã. Na programação normal, candidatos -driblando a lei eleitoral- pediram
votos e atacaram adversários.
Pitta foi habitué. Enquanto dizia
no horário eleitoral que a mídia
não lhe dá espaço, nos programas
de AMs e FMs não perdeu uma
única chance de pedir voto e atacar inimigos. Em 11 de setembro,
na Imprensa FM (102,5 MHz), antes das 7h, dizia que "o PT no governo é uma coisa e quando tá na
oposição só sabe atirar pedra".
O tom pode ser acima. Em outro "Paulo Lopes" (Capital AM,
1040 kHz), Arnaldo Faria de Sá
(PTB), candidato a federal, soltou:
"FHC chamou o aposentado de
vagabundo. Vagabundo é ele".
Vale tudo mesmo. Até maquiar
informação. Para brindar mais
uma participação de José Aníbal
(candidato ao senado do PSDB),
Lopes disse na semana passada
que, "pelas pesquisas, para senador, tanto pode dar Tuma, como
Mercadante, Quércia ou Zé Aníbal". Até "pode dar". Mas o que as
pesquisas mostram é que o tucano está isolado em quarto lugar.
Isso sem falar das rádios ligadas
a políticos. A Tupi AM (1330
kHz), da família do candidato a
deputado José de Abreu (PTN),
que apóia Maluf, foi multada pelo
TRE por criticar Alckmin.
Mais uma eleição se vai e mais
uma vez o rádio segue como palanque ideal. Longe dos olhos de
adversários e perto do eleitor.
Quem até agora só viu a novela
política pela TV tem talvez a última chance, amanhã, de conhecer
Tony Show da Paraíba, o caricato
locutor do programa de rádio de
Serra, e o quadro petista "Mudanças Brasil", contraponto ao "Lulinha, paz e amor" da televisão.
Coincidência ou não, o PT, que
pode levar o Planalto no primeiro
turno, e o PSDB, em segundo nas
pesquisas, foram os que usaram o
rádio de modo mais estratégico.
Os programas tiveram um tom
popular, com deboche e crítica
ácida, que os da TV procuraram
evitar. E o último capítulo da radionovela, pelo menos na primeira fase, é amanhã, das 7h às 7h50,
com reprise das 12h às 12h50.
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