São Paulo, quarta-feira, 02 de outubro de 2002

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OUTRA FREQUÊNCIA

No rádio, até a Xuxa serve de palanque eleitoral

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Paulo Lopes comentava fofocas da TV. Falava de um segurança da Xuxa que, ao ser demitido, saiu falando que ela maltrata criancinhas. "Estranho. Por que resolveu dizer isso só agora? Parece a Nicéa do Pitta. Quer dizer, a pessoa vive com você 30, 20 anos, depois... você não serve. Então por que viveu 20 anos?"
Foi quarta passada, a dez dias da eleição. Em seguida, quem estava -pela enésima vez- no "Debate do Paulo Lopes", palanque de maior ibope do rádio? Celso Pitta (PSL), candidato a deputado.
É só mais um exemplo de como a campanha no rádio não esteve restrita à propaganda gratuita, que termina amanhã. Na programação normal, candidatos -driblando a lei eleitoral- pediram votos e atacaram adversários.
Pitta foi habitué. Enquanto dizia no horário eleitoral que a mídia não lhe dá espaço, nos programas de AMs e FMs não perdeu uma única chance de pedir voto e atacar inimigos. Em 11 de setembro, na Imprensa FM (102,5 MHz), antes das 7h, dizia que "o PT no governo é uma coisa e quando tá na oposição só sabe atirar pedra".
O tom pode ser acima. Em outro "Paulo Lopes" (Capital AM, 1040 kHz), Arnaldo Faria de Sá (PTB), candidato a federal, soltou: "FHC chamou o aposentado de vagabundo. Vagabundo é ele".
Vale tudo mesmo. Até maquiar informação. Para brindar mais uma participação de José Aníbal (candidato ao senado do PSDB), Lopes disse na semana passada que, "pelas pesquisas, para senador, tanto pode dar Tuma, como Mercadante, Quércia ou Zé Aníbal". Até "pode dar". Mas o que as pesquisas mostram é que o tucano está isolado em quarto lugar.
Isso sem falar das rádios ligadas a políticos. A Tupi AM (1330 kHz), da família do candidato a deputado José de Abreu (PTN), que apóia Maluf, foi multada pelo TRE por criticar Alckmin.
Mais uma eleição se vai e mais uma vez o rádio segue como palanque ideal. Longe dos olhos de adversários e perto do eleitor.
 
Quem até agora só viu a novela política pela TV tem talvez a última chance, amanhã, de conhecer Tony Show da Paraíba, o caricato locutor do programa de rádio de Serra, e o quadro petista "Mudanças Brasil", contraponto ao "Lulinha, paz e amor" da televisão.
Coincidência ou não, o PT, que pode levar o Planalto no primeiro turno, e o PSDB, em segundo nas pesquisas, foram os que usaram o rádio de modo mais estratégico.
Os programas tiveram um tom popular, com deboche e crítica ácida, que os da TV procuraram evitar. E o último capítulo da radionovela, pelo menos na primeira fase, é amanhã, das 7h às 7h50, com reprise das 12h às 12h50.



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