São Paulo, sábado, 02 de outubro de 2004

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MÚSICA

Nonsense e divertida, banda pexbaA lança segundo disco

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

pexbaA : o verbete não consta no dicionário. Ainda que não fale a língua dos homens, das gravadoras ou das estações de rádio, a banda mineira formada em 1998 continua por aí. Participou da abrangente compilação "Rumos Itaú Cultural" (2001), venceu o prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia naquele mesmo ano, foi escalada para se apresentar no festival South by Southwest, nos EUA, em 2002, e lança agora seu segundo álbum pelo selo independente paulista Amplitude.
Sem nome ou fácil classificação dentro de um determinado gênero musical, o disco segue a linha experimental do primeiro, de 99, com letras sem sentido nenhum e composições caóticas repletas de barulhinhos esquisitos.
Algo que não tira o brilho e a inventividade do quarteto. Na verdade, insistem, este é seu trabalho "mais pop" até o momento.
"A maioria das músicas usa instrumentos comuns, baixo, bateria e guitarra", afirma Rossano Vittório, 33, vocalista e trompetista. "Às vezes tem um piano, um bagre, um brejo ou um passarinho", acrescenta, sem pestanejar.
Justiça seja feita, apesar de faixas ultraexperimentais como "Sólido", "Peudo" e a divertida "Birlium Barlium Bleum", muitas músicas seguem uma estrutura, até certo ponto, mais "tradicional" -e ponha aspas aí. É o caso de "Vlu", "Nognic" e "Poscoce", em que, bobeando, é possível até bater o pezinho e balançar a cabeça como num legítimo rock'n'roll.
Mas esqueça os nomes. Aqui, eles não significam nada. "Não temos vontade de transmitir uma mensagem", salienta o guitarrista Rodrigo Otavio, 33.
"O legal é poder se comunicar sem ser racional. Quantas vezes não lhe contaram uma mentira e você acreditou naquelas palavras?", completa o vocalista, que cria as (anti)letras das canções por improviso ou simplesmente sorteando algumas sílabas. "Poesias de sensações", batiza.
Apesar da -e também pela- formação musical sólida do quarteto, que tem ainda João Marcelo no baixo e Rodrigo Magalhães na bateria, as composições do grupo nascem todas do improviso. Só que entre um Miles Davis e o funk metal do Primus, por exemplo.
"Não dá para tentar explicar o [nosso] som pelas referências. Temos interesse por qualquer música do mundo, seja ela chinesa, brasileira ou rock", corrige Vittório, acrescentando ao caldo Alcione, Elvis e (por que não?) até o pop chiclete de Ivete Sangalo.
É assim, portanto, que a "Violinha do Pai Tomaz" ganha timbre de cordas orientais. Ou ainda que "Yaba" viaja à África para emprestar-lhe a percussão ritmada e os cânticos tribais.
Mas pexbaA não é world music, não é post-rock ou muito menos MPB. É, como dito acima, um verbete ainda fora do dicionário, que vem ganhando força graças ao boca-a-boca na internet. "A melhor coisa que surgiu para a música foi o computador. Só agora é que as pessoas estão se descondicionando daquilo que ouvem na televisão. O pop que se ouve hoje é o mesmo da época da jovem guarda", reclama Vittório.


pexbaA
    
Artista: pexbaA
Lançamento: Amplitude
Quanto: R$ 15
Inf.: www.pexbaa.com.br



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