São Paulo, terça-feira, 02 de outubro de 2007

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"Me senti como o papa", conta ator da série

DA REPORTAGEM LOCAL

Quando a Folha senta para conversar com Anthony Daniels, no fim da tarde do último dia 21, o ator já está na oitava hora da maratona de entrevistas e fotos que fez ao longo do dia para promover a exposição de "Star Wars" que virá à cidade em março de 2008.
Visivelmente cansado e até um pouco irritado, Daniels não perdeu a ironia, no entanto. "É a sua hora de me fazer perguntas interessantes e reveladoras", diz ele ao repórter, ciente de que o desafio é quase impossível de ser atingido -não há pergunta sobre a série que o homem já não tenha ouvido.
"É muito difícil encontrar algo que nunca tenha sido dito sobre a saga, mas há novas maneiras de dizê-lo, assim como George Lucas contou a mesma história sobre a batalha entre o bem e o mal, mas de um modo diferente, que as pessoas acharam interessante."
As histórias mais curiosas saem de sua relação com os fãs -que, no caso de "Star Wars", beiram (e, por vezes, ultrapassam) a histeria, como a Folha testemunhou na noite anterior à entrevista, quando Daniels encarou duas salas de cinema com cerca de 600 convidados para assistir a uma sessão especial do primeiro filme da série.
A adulação em torno do ator -um senhor virtualmente anônimo, já que, no filme, aparecia sob a "pele" do robô C-3PO- é impressionante.
"Foi um pouco louco, me senti como o papa, apesar de estar tão distante de ser um papa quanto possível."
A platéia tem muitas crianças e jovens, mas mais da metade é de adultos. Chama a atenção, além da enorme quantidade de camisetas ligadas ao filme, o fato de que não são poucos os fantasiados como personagens da série.
"Na Inglaterra essa adoração é mais amena, mesmo nos EUA. Aqui, há um tipo de entusiasmo infantil, mas é bom, faz com que me sinta bem."
Daniels se beneficia de ser o primeiro astro da saga de Lucas a vir falar com os fãs no Brasil. Quando entra lépido e fagueiro na sala de cinema, ao som da clássica música de abertura do filme, o público o recebe como se fosse o próprio robô chegando em uma nave.
Ele lê um discurso em português, se desculpando por, apesar de C-3PO ser fluente em 6 milhões de línguas, não falar a da audiência. E faz um teste que dá a dimensão da idolatria.
"Quem sabe qual é a primeira e a última fala que o C-3PO diz na série?" A resposta não demora nem dois segundos, e vem em inglês mesmo, com as linhas exatas do roteiro.
Daniels diz que não são poucos os que conhecem todas as falas dos filmes. "Isso é um pouco assustador, de fato. Espero que eles saibam outras coisas também", diz ele.
"Quando topo com esse tipo de fã, eu geralmente os aconselho a deixarem a série um pouco de lado, porque há mais na vida do que "Star Wars". Um pouco de fantasia é ótimo, mas exagerar em qualquer coisa é ruim." Fica o recado. (MAC)


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