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"Me senti como o papa", conta ator da série
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando a Folha senta para
conversar com Anthony Daniels, no fim da tarde do último
dia 21, o ator já está na oitava
hora da maratona de entrevistas e fotos que fez ao longo do
dia para promover a exposição
de "Star Wars" que virá à cidade em março de 2008.
Visivelmente cansado e até
um pouco irritado, Daniels não
perdeu a ironia, no entanto. "É
a sua hora de me fazer perguntas interessantes e reveladoras", diz ele ao repórter, ciente
de que o desafio é quase impossível de ser atingido -não há
pergunta sobre a série que o
homem já não tenha ouvido.
"É muito difícil encontrar algo que nunca tenha sido dito
sobre a saga, mas há novas maneiras de dizê-lo, assim como
George Lucas contou a mesma
história sobre a batalha entre o
bem e o mal, mas de um modo
diferente, que as pessoas acharam interessante."
As histórias mais curiosas
saem de sua relação com os fãs
-que, no caso de "Star Wars",
beiram (e, por vezes, ultrapassam) a histeria, como a Folha
testemunhou na noite anterior
à entrevista, quando Daniels
encarou duas salas de cinema
com cerca de 600 convidados
para assistir a uma sessão especial do primeiro filme da série.
A adulação em torno do ator
-um senhor virtualmente
anônimo, já que, no filme, aparecia sob a "pele" do robô C-3PO- é impressionante.
"Foi um pouco louco, me
senti como o papa, apesar de
estar tão distante de ser um papa quanto possível."
A platéia tem muitas crianças e jovens, mas mais da metade é de adultos. Chama a atenção, além da enorme quantidade de camisetas ligadas ao filme, o fato de que não são poucos os fantasiados como personagens da série.
"Na Inglaterra essa adoração
é mais amena, mesmo nos
EUA. Aqui, há um tipo de entusiasmo infantil, mas é bom, faz
com que me sinta bem."
Daniels se beneficia de ser o
primeiro astro da saga de Lucas
a vir falar com os fãs no Brasil.
Quando entra lépido e fagueiro
na sala de cinema, ao som da
clássica música de abertura do
filme, o público o recebe como
se fosse o próprio robô chegando em uma nave.
Ele lê um discurso em português, se desculpando por, apesar de C-3PO ser fluente em 6
milhões de línguas, não falar a
da audiência. E faz um teste
que dá a dimensão da idolatria.
"Quem sabe qual é a primeira e a última fala que o C-3PO
diz na série?" A resposta não
demora nem dois segundos, e
vem em inglês mesmo, com as
linhas exatas do roteiro.
Daniels diz que não são poucos os que conhecem todas as
falas dos filmes. "Isso é um
pouco assustador, de fato. Espero que eles saibam outras
coisas também", diz ele.
"Quando topo com esse tipo
de fã, eu geralmente os aconselho a deixarem a série um pouco de lado, porque há mais na
vida do que "Star Wars". Um
pouco de fantasia é ótimo, mas
exagerar em qualquer coisa é
ruim." Fica o recado.
(MAC)
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