São Paulo, quinta-feira, 02 de outubro de 2008

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Crítica

Wenders vence barreira do tempo em "Tokyo-Ga"

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Uma dúvida que se instalou desde que Wim Wenders filmou a morte de Nicholas Ray é: quando se aproxima de um grande cineasta, Wenders trabalha para conhecê-lo ou, ao contrário, como um vampiro, alimenta-se de sangue alheio?
É uma questão a não ser colocada com ligeireza, porque envolve pressupostos éticos e não é possível julgar a sinceridade de alguém. Mas a dúvida tende a se instalar, quando vemos "Tokyo-Ga" (TC Cult, 0h30; não recomendado para menores de 12 anos), documentário sobre o japonês Yasujiro Ozu.
Talvez não seja por culpa de Wenders, mas de Tóquio. O fato é que Ozu retratou as mudanças no Japão com enorme sensibilidade, sobretudo entre o fim da guerra (1945) e sua morte (1963). Mas o fez reservadamente, mostrando um Japão íntimo. Wenders chega a uma Tóquio já muito mudada, em 1985, e como estrangeiro.
Talvez o aspecto mais interessante do filme seja aquele que é mais profundo em Wenders, sua cinefilia, que vence até as barreiras do tempo.


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