São Paulo, sexta-feira, 02 de outubro de 2009

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CINEMA/ESTREIAS

Crítica/ "Deixe Ela Entrar"

Filme sueco de horror tem narrativa cheia de lirismo

LEONARDO CRUZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Em "Deixa Ela Entrar", o cineasta sueco Tomas Alfredson consegue algo raro no cinema contemporâneo: criar uma narrativa cheia de lirismo dentro de uma trama de horror. Seu filme é a história de amor entre um tímido garoto de 12 anos e uma pequena vampira que apenas aparenta ter a mesma idade.
Oskar (Kare Hedebrant) é um típico pré-adolescente "loser", desses maltratados pelos colegas de escola. Fica a maior parte do tempo sozinho, vendo o inverno passar da janela de seu quarto em um prédio na periferia de Estocolmo, no início dos anos 80. Eli (Lina Leandersson) é a vizinha nova do apartamento ao lado, garota estranha que não sente frio, só sai de casa após escurecer e se alimenta de sangue.
O primeiro encontro entre os dois acontece no playground do prédio, numa noite de neve em que Oskar decide descontar em uma árvore a raiva acumulada na escola. Eli o observa em pé, do alto de um trepa-trepa. Naturalmente solitária, ela se identifica com o menino, vira amiga e protetora dele.
A consequente aproximação entre os dois desperta em Oskar sentimentos novos. Ele se enamora por Eli, quer estar com ela, tocá-la. E "Deixa Ela Entrar" aos poucos se torna, além de uma crônica sobre "bullying", um filme sobre a gênese do desejo e a descoberta do corpo, que tem na cena de um beijo ensanguentado um de seus momentos mais belos.
Visualmente, Alfredson explora bem o inverno sueco, de noites negras em oposição à brancura das camadas de neve. E nos lembra que é possível fazer um filme de horror com uma câmera quase estática, de poucos e suaves movimentos, distante da "estética do sacolejo" que reina no gênero.


DEIXA ELA ENTRAR

Direção: Tomas Alfredson
Produção: Suécia, 2008
Com: Kare Hedebrant
Onde: Cine Bombril, Reserva Cultural, Cinema da Vila e circuito
Classificação: 16 anos
Avaliação: ótimo




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