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Gullar atribui Jabuti às belas ilustrações do livro
Autor de "Resmungos" diz que evita "atormentar leitor com comentários pesados"
Livro reúne colunas que saem aos domingos na Folha; Gullar já havia recebido o Jabuti em 2000 pelo livro "Muitas Vozes"
EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL
O poeta e colunista da Folha
Ferreira Gullar se diz surpreso
e contente com o Prêmio Jabuti de Livro do Ano (ficção), que
recebeu anteontem à noite em
São Paulo, por "Resmungos",
uma compilação das colunas
que o autor publicou no jornal
em 2005. "Acho que [o prêmio]
se deve ao fato de o livro ser
muito bonito, levou em conta a
qualidade dos textos, mas foi
também feito em função das
ilustrações do Antonio Henrique Amaral, as mesmas que
saem na coluna. É um livro de
arte de alto nível", diz Gullar,
que em 2000 já havia recebido
o Jabuti pelo livro de poesia
"Muitas Vozes" (José Olympio). O poeta e cronista vai receber R$ 30 mil.
A coluna de Gullar sai aos domingos na Ilustrada. Na última, "Um Operário Chega ao
Paraíso", do dia 28/10, o poeta
escreveu que oscila "entre os
resmungos e a reflexão". E que
suas colunas ocorrem "aleatoriamente, ao sabor dos acontecimentos e de súbitas sacações,
nem sempre originais".
Gullar revela, no entanto,
que nem sempre se prende ao
noticiário. O poeta, que já havia
tido experiência com crônicas
semanais entre 1958 e 1971, no
"Jornal do Brasil", diz que sua
maior preocupação é a de não
"atormentar o leitor com comentários pesados".
"Acho que o noticiário já é
pesado. Então, às vezes, prefiro
fazer algo poético, engraçado,
para não sobrecarregar. Outras, faço questão de opinar,
então fico resmungando e ponho tudo para fora."
O escritor se diz ainda um
obcecado no cumprimento de
suas obrigações jornalísticas,
que chega a "atormentar" o
pessoal do jornal para que os
textos saiam sem erros. "Ao
mesmo tempo vivo temeroso
de que algo aconteça e me impeça de escrever. Por isso, tenho crônicas escritas que podem ser publicadas a qualquer
momento. Na medida em que
aparece um assunto interessante, dou preferência. Quando
não, eu publico as atemporais."
Gullar lançou no mês passado o livro "Experiência Neoconcreta: Momento-Limite da
Arte" (Cosac Naify), grande ensaio em que revisa sua participação no movimento Neoconcreto e seu rompimento estético com os poetas concretos.
Não-ficção
O outro prêmio de Livro do
Ano (não-ficção) foi para "Latinoamericana - Enciclopédia
Contemporânea da América
Latina e do Caribe", trabalho
coletivo de Emir Sader, Ivana
Jinkings, Carlos Eduardo Martins e Rodrigo Nobile.
Em sua 49ª edição, organizado pela Câmara Brasileira do
Livro, o Jabuti é o mais tradicional prêmio literário do Brasil. Anualmente, editoras de todo o país inscrevem seus livros
em 20 categorias. Os vencedores são escolhidos por um corpo de jurados. Os nomes dos
três primeiros colocados em
cada uma das seções haviam sido anunciados no dia 21 de
agosto. A lista completa dos
vencedores está no site www.premiojabuti.org.br.
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