São Paulo, sexta-feira, 02 de novembro de 2007

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Gullar atribui Jabuti às belas ilustrações do livro

Autor de "Resmungos" diz que evita "atormentar leitor com comentários pesados"

Livro reúne colunas que saem aos domingos na Folha; Gullar já havia recebido o Jabuti em 2000 pelo livro "Muitas Vozes"

EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL

O poeta e colunista da Folha Ferreira Gullar se diz surpreso e contente com o Prêmio Jabuti de Livro do Ano (ficção), que recebeu anteontem à noite em São Paulo, por "Resmungos", uma compilação das colunas que o autor publicou no jornal em 2005. "Acho que [o prêmio] se deve ao fato de o livro ser muito bonito, levou em conta a qualidade dos textos, mas foi também feito em função das ilustrações do Antonio Henrique Amaral, as mesmas que saem na coluna. É um livro de arte de alto nível", diz Gullar, que em 2000 já havia recebido o Jabuti pelo livro de poesia "Muitas Vozes" (José Olympio). O poeta e cronista vai receber R$ 30 mil.
A coluna de Gullar sai aos domingos na Ilustrada. Na última, "Um Operário Chega ao Paraíso", do dia 28/10, o poeta escreveu que oscila "entre os resmungos e a reflexão". E que suas colunas ocorrem "aleatoriamente, ao sabor dos acontecimentos e de súbitas sacações, nem sempre originais".
Gullar revela, no entanto, que nem sempre se prende ao noticiário. O poeta, que já havia tido experiência com crônicas semanais entre 1958 e 1971, no "Jornal do Brasil", diz que sua maior preocupação é a de não "atormentar o leitor com comentários pesados".
"Acho que o noticiário já é pesado. Então, às vezes, prefiro fazer algo poético, engraçado, para não sobrecarregar. Outras, faço questão de opinar, então fico resmungando e ponho tudo para fora."
O escritor se diz ainda um obcecado no cumprimento de suas obrigações jornalísticas, que chega a "atormentar" o pessoal do jornal para que os textos saiam sem erros. "Ao mesmo tempo vivo temeroso de que algo aconteça e me impeça de escrever. Por isso, tenho crônicas escritas que podem ser publicadas a qualquer momento. Na medida em que aparece um assunto interessante, dou preferência. Quando não, eu publico as atemporais."
Gullar lançou no mês passado o livro "Experiência Neoconcreta: Momento-Limite da Arte" (Cosac Naify), grande ensaio em que revisa sua participação no movimento Neoconcreto e seu rompimento estético com os poetas concretos.

Não-ficção
O outro prêmio de Livro do Ano (não-ficção) foi para "Latinoamericana - Enciclopédia Contemporânea da América Latina e do Caribe", trabalho coletivo de Emir Sader, Ivana Jinkings, Carlos Eduardo Martins e Rodrigo Nobile.
Em sua 49ª edição, organizado pela Câmara Brasileira do Livro, o Jabuti é o mais tradicional prêmio literário do Brasil. Anualmente, editoras de todo o país inscrevem seus livros em 20 categorias. Os vencedores são escolhidos por um corpo de jurados. Os nomes dos três primeiros colocados em cada uma das seções haviam sido anunciados no dia 21 de agosto. A lista completa dos vencedores está no site www.premiojabuti.org.br.


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