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Mostra de Takashi Murakami em Versalhes irrita conservadores
Descendentes da família real querem fim de exposições de arte contemporânea no palácio
Depois de Jeff Koons, em 2008, japonês ocupa antiga residência de Luís 14 com obras de apelo alucinógeno e pop
Cedric Delsaux/Divulgação
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Escultura ‘Flower Matango’, trabalho do artista japonês Takashi Murakami em exposição agora no palácio de Versalhes
DE SÃO PAULO
Enquanto não cessa a discussão em torno da mostra
de Larry Clark em Paris, o palácio de Versalhes, nos arredores da capital francesa, virou alvo de outros ataques.
Mesmo sem drogas e sexo
explícito, obras do japonês
Takashi Murakami, de pegada quase alucinógena e excessos pop, desagrada quem
prefere ver algo mais clássico
nas salas do palácio rococó.
Versalhes recebeu há dois
anos uma mostra do norte-americano Jeff Koons, famoso por seus cachorrinhos gigantes, suas obras de claro
apelo comercial e também
por ter se casado com a estrela pornô italiana Cicciolina.
Na época, Charles-Emmanuel de Bourbon, um dos
descendentes da família real
francesa, tentou sem sucesso
fechar a exposição de Koons.
Agora, o príncipe Sixte-Henri de Bourbon, primo de
Charles-Emmanuel, e a Coordenação pela Defesa de Versalhes, grupo ultraconservador, tentam barrar Murakami, a segunda mostra de arte
contemporânea a ocupar os
salões e aposentos da antiga
residência do rei Luís 14.
"Acontece algo muito grave no palácio", diz Arnaud
Uinsky, um dos diretores da
Coordenação pela Defesa de
Versalhes, à Folha. "Nosso
governo, que se diz democrático, põe nosso patrimônio
cultural a serviço dos estrangeiros, de um artista inimigo
da cultura e da civilização."
HIROSHIMA CULTURAL
Nos textos divulgados pelo
grupo, Murakami é acusado
de não ser autor real de suas
obras, feitas com dezenas de
assistentes, e de "exorcizar
seus fantasmas eróticos" em
esculturas. Também lembram a parceria entre o artista e a grife Louis Vuitton.
"Expor Murakami nos
apartamentos reais é um verdadeiro Hiroshima para a
cultura francesa, isso é a indústria, a publicidade, o
marketing", diz Uinsky.
"Versalhes está sendo oprimido pelo desvio de poder."
No caso, o grupo contra
contemporâneos em Versalhes se opõe ao poder de
Jean-Jacques Aillagon, ex-ministro francês da Cultura e
hoje à frente do palácio. Desde o início de sua gestão, há
três anos, Aillagon vem aumentando o número de visitas aos salões reais com mostras de arte contemporânea.
Segundo Laurent Brunner,
diretor de exposições em Versalhes, o público aumentou
45% com a mostra de Murakami, que chega a receber 15
mil visitantes por dia. Em
2008, Jeff Koons levou 1,4 milhão de pessoas ao palácio.
"Há grupos de extrema direita, uns poucos velhos, que
tentam impedir as exposições", diz Brunner à Folha.
"Mas o moderno tem lugar
em Versalhes, que não é mais
a residência dos reis, é um
palácio vivo."
(SILAS MARTÍ)
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